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Kuczynski vence eleição presidencial no Peru com 50,12% dos votos

Mariano Cucho (à direita), representante da ONPE, órgão eleitoral no Peru, anuncia o resultado das eleições presidenciais após a apuração de 100% dos votos - Xinhua/Eddy Ramos/Andina
Mariano Cucho (à direita), representante da ONPE, órgão eleitoral no Peru, anuncia o resultado das eleições presidenciais após a apuração de 100% dos votos Imagem: Xinhua/Eddy Ramos/Andina

Do UOL, em São Paulo

09/06/2016 18h09

O economista de centro-direita Pedro Pablo Kuczynski (conhecido como PPK) venceu as eleições presidenciais do Peru, informaram nesta quinta-feira (9) as autoridades eleitorais, ao fim de uma contagem de votos que levou quatro dias.

Kuczynski obteve 50,12% dos votos e superou por pequena margem sua rival, Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, que conseguiu 49,88% dos votos na eleição de domingo (5), disse o presidente do órgão eleitoral, Mariano Cucho.

Fujimori chegou a ser apontada como favorita em algumas pesquisas eleitorais durante a campanha, mas a aceitação de Kuczynski foi crescendo, principalmente na campanha para a votação do segundo turno, recebendo apoio inclusive de lideranças de esquerda no país.

Vitória improvável e longa apuração

A vitória de Kuczynski é considerada a mais apertada em uma eleição desde a redemocratização do país, em 2000. Na eleição presidencial anterior, em 2011, o atual presidente, Ollanta Humala, derrotou Keiko Fujimori com uma margem de 1,5% dos votos válidos.

Para o analista político Martín Saltiváñez, a mudança do cenário eleitoral foi iniciada quando, no final de maio, o canal de TV Univisión divulgou que o então secretário-geral do partido de Fujimori, Joaquín Ramírez, acusado de lavagem de dinheiro pela Justiça peruana, era alvo também de uma investigação da DEA, a agência do governo americano de combate ao narcotráfico. Ramírez renunciou ao cargo no partido.

"A reação [do partido fujimorista] demorou pouco [três dias], mas acabou afetando a campanha", afirma Saltivãñez.

O caso teve ampla cobertura da imprensa peruana e foi explorado pela campanha de PPK, que acusou o fujimorismo de ter relações com o narcotráfico.

A repercussão foi ampliada ainda mais depois que o candidato a vice-presidente de Keiko Fujimori, José Climper, foi acusado de ter fornecido a um programa de TV local um áudio adulterado no qual uma testemunha da DEA afirmava que as acusações contra Ramírez eram falsas. Climper admitiu ter entregado o áudio, mas negou tê-lo editado.

Além disso, Saltivañez ressalta que o apoio de Verónika Mendoza, terceira colocada nas eleições e que teve a maioria dos votos em províncias no sul do país, como Cusco e Puno, também ajudou a campanha de PPK.

Mendoza declarou publicamente seu "voto crítico" em Kuczynski quatro dias antes da votação e conclamou seus eleitores a fazerem o mesmo para "fechar o caminho ao fujimorismo", que ela e seu partido, Frente Amplio, consideravam como "a pior das alternativas".

PPK ainda recebeu o apoio de Julio Guzmán e Cesar Acuña, candidatos excluídos do processo eleitoral.

A apuração de resultados eleitorais no Peru pode demorar até mais de uma semana porque a maior parte da votação é feita manualmente, em cédulas de papel. Além disso, depois de encerrado o pleito, as urnas são enviadas a Lima para serem contabilizadas. 

Os votos emitidos nas embaixadas peruanas e nas zonas rurais mais isoladas do país, na cordilheira e na Amazônia peruanas, são os que demoram mais tempo para serem apurados.

Governabilidade em xeque

O maior problema para PPK será garantir a governabilidade. Isso porque o novo Congresso peruano será controlado pelo fujimorismo, que elegeu 73 dos 130 parlamentares. O partido do presidente ficará com 18 dos 130 parlamentares, a terceira bancada do novo congresso.

Já a sigla de Verónika Mendoza, que promete fazer oposição a PPK, terá a segunda bancada, com 20 deputados.

Segundo o cientista político Enrique Bernales, a única alternativa de Kuczynski será negociar com a oposição fujimorista um acordo que permita aprovar as medidas mais importantes.

"O fujimorismo participar do governo é uma possibilidade remota, porque existe um projeto de poder para as próximas eleições. Mas tampouco lhe convém ser visto como uma oposição implacável, há margem de negociação", ressalta.

Além de ter que lidar com um Congresso de maioria oposicionista, PPK assumirá a presidência com um partido que, na prática, não existe.

"É um grupo que se reuniu com fins eleitorais, que têm ideologias e agendas bastante diferentes. Será difícil conciliar", afirma o analista político Saltiváñez. 

(com informações de agências de notícias)