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Trump diz pela 1ª vez que Biden venceu, mas recua: 'Só aos olhos da mídia'

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, candidato à reeleição em 2020 pelo Partido Republicano - Mandel Ngan/AFP
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, candidato à reeleição em 2020 pelo Partido Republicano Imagem: Mandel Ngan/AFP

Do UOL, em São Paulo*

15/11/2020 10h29

O presidente americano, Donald Trump, disse hoje pela primeira vez que Joe Biden foi o vencedor das eleições presidenciais nos Estados Unidos. No entanto, o republicano, mesmo sem provas, voltou a dizer que o pleito foi fraudado, e atribuiu a eleição de Biden a fake news produzidas pela imprensa.

"Ele venceu porque a eleição foi manipulada", escreveu Trump em publicação feita no Twitter. "Ninguém podia observar as votações, os votos foram tabulados por uma empresa privada da esquerda radical, Dominion, com uma má reputação e equipamento ruim, que nem poderia se qualificar para as eleições no Texas (onde eu ganhei por muitos votos)", escreveu, sem qualquer evidência que possa amparar as denúncias.

O presidente, em seguida, disparou contra a imprensa. "A mídia falsa e silenciosa", afirmou.

Mais tarde, o republicano emendou sua declaração dizendo que Biden só foi declarado vencedor pela imprensa —que foi acusada por ele de produzir fake news.

"Ele só ganhou aos olhos da imprensa de fake news. Eu não admito nada! Nós temos um longo caminho pela frente. Essa foi uma eleição manipulada", voltou a acusar Trump.

Trump fez ainda outra publicação no Twitter dizendo haver fraude no processo eleitoral americano —novamente, sem apresentar qualquer evidência que justifique a hipótese. "Eleição manipulada. Nós vamos vencer", declarou o atual presidente dos Estados Unidos.

A vitória de Biden foi declarada no último dia 7 pelas redes CNN e Fox News, pelos jornais "The New York Times" e "The Washington Post", entre outros veículos, após mais de três dias de indefinição dos resultados. O resultado oficial pode demorar para ser conhecido, e a expectativa é de que haja uma batalha judicial no país.

Trump já recorreu à Suprema Corte para pedir a suspensão da contagem dos votos em diferentes estados. No dia seguinte à eleição, ele já havia culpado a imprensa e comentou sobre as pesquisas de intenção de voto anteriores ao início da contagem dos votos, que indicavam uma vitória mais confortável para seu adversário.

"Desde quando a grande mídia patética [ele fez uma junção de palavras no post original, 'Lamestream Media'] nomeia quem será nosso próximo presidente? Todos nós aprendemos muito nas últimas duas semanas!", afirmou o republicano.

Os Estados Unidos não têm um órgão oficial que divulga, em tempo real, os resultados das urnas, como o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no Brasil. Por isso, as projeções da imprensa são relevantes na divulgação da conquista dos delegados.

Protestos de apoiadores

Partidários de Donald Trump manifestaram-se ontem em Washington, pedindo "mais quatro anos" e denunciando um "roubo" eleitoral, apesar da ausência de qualquer evidência concreta que dê suporte à hipótese de uma fraude maciça em benefício do democrata Joe Biden.

Saindo da Casa Branca para ir jogar golfe, o presidente norte-americano acenou para os manifestantes de sua limusine blindada.

O comboio presidencial passou pela Freedom Plaza, onde manifestantes entusiasmados gritavam "Mais quatro anos! Mais quatro anos!" e "EUA! EUA!". Muitos deles agitavam bandeiras com a frase "Trump 2020", e alguns carregavam cartazes que diziam "Melhor Presidente da História" ou "Parem de Roubar [a eleição]".

Agências federais negam fraude

"A eleição de 3 de novembro foi a mais segura da história dos Estados Unidos", disseram várias autoridades eleitorais locais e nacionais, incluindo a Cisa (Agência de Segurança de Infraestrutura e Segurança Cibernética), em um comunicado conjunto, orientado pelo Ministério de Segurança Interna.

"Não há evidência de que algum sistema de votação tenha apagado, perdido ou mudado as cédulas, ou que tenha sido hackeado de alguma forma."

Biden leva Geórgia

Com a vitória na Geórgia, o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, chegou a 306 votos no Colégio Eleitoral, 74 a mais que Trump (232), segundo projeções do jornal "The New York Times". Ainda que faltem votos a serem computados em alguns estados, o placar final não deve mudar.

Antes considerada um voto "seguro" pelos republicanos, a Geórgia é o quinto estado conquistado por Trump em 2016 que Biden conseguiu levar em 2020. Arizona, Wisconsin, Michigan e Pensilvânia foram os outros quatro.

Biden é o primeiro democrata a vencer na Geórgia desde 1992. Na última eleição, Trump levou o estado da adversária Hillary Clinton por uma margem de cinco pontos percentuais — a menor já registrada por um republicano até então.

*Com RFI