Em 2000, eleição nos EUA foi judicializada e resultado levou mais de um mês
Há três dias hoje, o resultado das eleições nos EUA segue indefinido, e há chances de demorar ainda mais. A última vez que um resultado demorou tanto foi em 2000, na famosa disputa entre George W. Bush e Al Gore, quando houve judicialização e o resultado só saiu 37 dias depois.
Na época, os americanos tiveram que esperar cinco semanas para que o republicano Bush fosse nomeado presidente, em detrimento do democrata Al Gore. Uma batalha judicial deixou o país em suspense e exigiu arbitragem sem precedentes da Suprema Corte.
Se hoje as tensões estão ao redor dos estados da Pensilvânia, Geórgia, Nevada e Wisconsin, naquele ano a batalha foi no estado-chave da Flórida.
Os candidatos Donald Trump e Joe Biden estão há dois dias estacionados com seus 253 votos para o democrata e 214 para o republicano, segundo o jornal americano The New York Times.
Com as ameaças de Trump de que irá judicializar a eleição e os pedidos de recontagem de votos, ainda não se sabe quando o resultado deve sair. Gritos como "Parem as contagens" ocorreram em 2000 e se repetem agora, inclusive na voz do próprio presidente.
Bush X Al Gore
A disputa Bush versus Al Gore ocorreu em 7 de novembro de 2000. Bush era governador do Texas na ocasião e Al Gore era vice-presidente.
A tensão começou quando as televisões, em uma disputa de quem daria o resultado primeiro, declararam um vencedor na Flórida, embora a diferença entre os dois candidatos fosse de apenas 0,5 ponto em um estado com valiosos 29 delegados.
As redes de televisão primeiro deram a Gore a vitória no estado-chave, depois a Bush.
Al Gore chegou a parabenizar Bush, e estava a caminho de fazer o seu discurso de derrota, quando foi notada que a situação no estado não estava clara. Ele ligou novamente para Bush para retirar as felicitações e iniciou-se as batalhas. Tudo isso na madrugada de 7 para 8 de novembro.
Logo em seguida, várias irregularidades foram denunciadas na Flórida, então governada por Jeff Bush, irmão do candidato republicano: uma urna foi encontrada em uma escola e milhares de votos foram invalidados no condado de Palm Beach, com população majoritariamente negra, entre outros.
Decisão na Suprema Corte
A longa batalha legal começou após a alegação de Gore, em 9 de novembro, de conduzir uma contagem manual em quatro condados do estado, incluindo Palm Beach.
No cerne da confusão, estava o fato de as máquinas de perfuração usadas em Palm Beach para contar os votos não marcaram bem as cédulas, saturando a comissão eleitoral que deveria decidir sobre a validade do voto.
Em 26 de novembro, a Flórida proclamou a vitória de Bush por uma diferença de 537 votos. Al Gore rejeitou o resultado, alegando que milhares de votos não foram contabilizados.
Em 8 de dezembro, a Suprema Corte da Flórida decidiu a favor do candidato democrata, ordenando a recontagem manual de mais de 45.000 cédulas ignoradas pelas máquinas. No entanto, a Suprema Corte dos Estados Unidos interrompeu esse processo em resposta a um pedido de Bush.
Em 12 de dezembro, a máxima corte, em sua primeira intervenção em uma eleição presidencial, determinou que o prazo para a recontagem manual havia se esgotado, pois tinha expirado o prazo para os estados resolverem os conflitos decorrentes das eleições e indicarem seus eleitores no Colégio Eleitoral.
Assim, Bush foi eleito presidente por 271 votos do Colégio, um a mais que os 270 exigidos. Gore não chegou à Casa Branca apesar de registrar mais votos nacionalmente, algo que não acontecia desde 1888.
O juiz da Suprema Corte, John Paul Stevens, que votou contra a decisão, disse: "Embora a identidade do vencedor nunca seja conhecida com certeza total, a identidade do perdedor é perfeitamente clara: a confiança do país em seus juízes".
Al Gore reconheceu, então, a derrota: "Há pouco, falei com George W. Bush e o cumprimentei por se tornar o 43º presidente dos Estados Unidos. E prometi a ele que, desta vez, não voltarei a ligar [para retirar a felicitação]".
O caso repercute nos Estados Unidos até hoje e provocou mudanças nas eleições do país, em especial na contagem dos votos. O que justifica a cautela da Pensilvânia em contar cada um dos votos, evitando assim um novo caso "Flórida de 2000".
Uma cena semelhante que ocorreu ontem nos EUA e em 2000 foi uma multidão pedindo que parassem as contagens. Na época, um grupo de apoiadores republicanos no condado de Miami queriam impedir a recontagem de votos no local.
*Com AFP
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.