Espanha pretende enviar avião militar ao Mali em ajuda à França

Miguel González

O conflito do Mali pode pôr à prova a solidez da relação política entre Madri e Paris. O presidente francês, François Hollande, pediu a seus aliados "apoio político e logístico" para a operação militar na qual se empenhou neste país africano com o objetivo de conter o avanço de grupos jihadistas ligados à Al Qaeda e evitar a derrubada do Estado.

O apoio político ele já tem. O Ministério das Relações Exteriores espanhol divulgou na sexta-feira um comunicado no qual expressou "sua solidariedade e apoio às ações realizadas pela França" e salientou que "se enquadram escrupulosamente no respeito às resoluções do Conselho de Segurança" da ONU.

Mas o apoio logístico é mais comprometido. O governo espanhol, segundo fontes diplomáticas, analisava na segunda-feira (14) à noite a possibilidade de apoiar Paris com o envio de um avião de transporte com cerca de 30 militares, que colaboraria na movimentação das tropas francesas e africanas.

As fontes consultadas indicaram, porém, que a Espanha prefere atuar no âmbito europeu, e por isso é possível que a decisão demore até que os ministros das Relações Exteriores da União Europeia se reúnam na próxima quinta-feira (17) em Bruxelas.

Outros países não esperaram tanto. A Dinamarca anunciou na segunda-feira que contribuirá para a intervenção militar no Mali com um avião de transporte C-130 Hércules, que permanecerá na região por um período de três meses.

O Parlamento dinamarquês votaria nesta terça-feira a decisão e o avião poderia partir imediatamente. A Bélgica também estuda o envio de um C-130 atualmente estacionado na República Democrática do Congo ou uma equipe médica, segundo informou na segunda-feira o jornal "La Libre Belgique".

O Reino Unido e o Canadá anunciaram que colocarão à disposição de Paris um total de três grandes aviões C-17, de fabricação americana, para o transporte de material da França a Mali durante esta semana.

A reunião dos ministros das Relações Exteriores da UE, convocada na segunda-feira com caráter de urgência, servirá para expressar o apoio de seus sócios à intervenção francesa e para acelerar a implantação da missão de treinamento europeia no Mali, que já recebeu luz verde em dezembro.

A Espanha se ofereceu para fornecer cerca de 30 dos 250 monitores que a UE prevê enviar para formar o exército maliense, cuja extrema fragilidade evidenciou o avanço arrasador dos grupos jihadistas em direção ao sul, que precipitou a intervenção francesa. Além disso, o contingente europeu será completado com uma força de proteção de cerca de 300 militares.

Os ministros do Exterior também discutirão como a Europa vai contribuir para financiar a missão africana (Afisma) que deve atuar em campo para expulsar os grupos jihadistas.

Assim como ocorre com a missão de instrução, os acontecimentos se aceleraram e a intervenção militar patrocinada pela Comunidade Econômica de Estados da África Ocidental (Cedeao), prevista para depois do verão, já se pôs em marcha. Senegal e Nigéria anunciaram o envio de tropas, o que multiplica as necessidades logísticas.

O que a UE não fará, segundo as fontes consultadas, é assumir como própria a operação francesa, mesmo que a aprove. O apoio logístico terá, portanto, caráter bilateral.

A Espanha não planeja por enquanto evacuar sua comunidade de Mali, integrada por 105 pessoas. Todas elas se encontram bem e em contato com a embaixada em Bamako, segundo o governo.

 

Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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