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Rio+20: economia verde não pode ser a única solução, diz presidente da França

Matheus Lombardi e Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

20/06/2012 17h51

Um dos principais líderes mundias presentes na Rio+20, o presidente francês, François Hollande, não conseguiu fugir da crise econômica na Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até sexta-feira (22).

Em entrevista coletiva nesta quarta-feira (20), Hollande afirmou que a "decepção" com o documento final da Rio+20 é culpa, em parte, dos interesses particulares de cada país.

"Sempre há um pouco de decepção, mas estamos aqui com esperança e confiança. Temos que lutar contra o protecionismo", disse. 

O presidente francês afirmou que a economia verde não pode ser a "salvação da pátria".

"Alguns quiserem transformar essa conferência exclusivamente sobre economia verde, mas esse é um conceito que precisa ser melhor definido e não pode ser colocado como uma solução para tudo. É apenas uma forma de chegar a uma solução", afirmou.

O presidente francês falou ainda da necessidade de ser ter um imposto entre países para financiar mudanças e reformas.

"A questão do financiamento da natureza deve ser colocada mais uma vez em discussão", declarou.

O continente europeu passa por uma profunda crise financeira e a questão dos financiamentos e da luta contra o protecionismo são os principais focos de discussões entre os governantes.

Encontros com Lula e Dilma

Mais cedo, Hollande teve encontros reservados com o ex-presidente Lula e com a presidente, Dilma Rousseff. O assunto principal do encontro, segundo assessores, foi a crise econômica que afeta os países mais avançados, e já começa a repercutir na economia brasileira.

A crise foi um dos principais motivos apontados para a ausência de líderes de grandes potencias mundias, como Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido (Barack Obama, Angela Merkel e David Cameron, respectivamente).

As pontencias mais avançadas lutam contra dados preocupantes de crescimento, que têm afetado principalmente a geração de empregos nesses países. Nos EUA, as eleições presidenciais também tiraram o foco da Rio+20.

ONU esperava documento mais ambicioso

O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, afirmou que o documento final da conferência ficou abaixo das expectativas, apesar de se dizer "satisfeito" com o resultado.

"Muitas propostas eram muito ambiciosas, mas cada país tem seus interesses. As negociações foram muito difíceis. Eu esperava um documento final mais ambicioso", disse.

Ban Ki-moon alertou sobre a necessidade de medidas urgentes a serem tomadas pelos países.

"Nosso recurso mais escasso é o tempo. A mudança climática está tendo impacto em todas as questões da nossa vida. Estamos em um caminho perigoso. A natureza não negocia com os seres humanos", afirmou.