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Sem metrô por um ano em SP, mortes causadas pela poluição aumentariam até 14%

Plataforma de estação da ca linha-3 vermelha do Metrô de São Paulo por causa de paralisação em maio - Thomaz de Molina/UOL
Plataforma de estação da ca linha-3 vermelha do Metrô de São Paulo por causa de paralisação em maio Imagem: Thomaz de Molina/UOL

Do UOL

Em São Paulo

27/06/2012 13h02

Caso o Metrô de São Paulo deixasse de funcionar durante um ano inteiro, a concentração de poluentes na capital aumentaria 75% e as mortes causadas por problemas cardiorrespiratórios cresceriam entre 9% e 14%. Isso representaria um custo de US$ 18 bilhões ao município (cerca de R$ 37,5 milhões).

A estimativa foi feita por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em artigo publicado este mês no Journal of Environmental Management.

Para fazer o cálculo, os cientistas compararam o nível de poluição no ar de São Paulo em dias normais e em dias de greve de metroviários. Depois verificaram as mortes adicionais nos dias de paralisação e calcularam a perda de produtividade que isso representa no contexto estatístico da população.

Foram escolhidos dois eventos de greve que duraram 24 horas - um em 2003 e outro em 2006. A equipe avaliou a concentração de poluentes nos dias antes, durante e depois da greve. As duas situações foram analisadas e comparadas com um "dia controle" - no mesmo dia da semana e com características meteorológicas para dispersão de poluentes similares, como explicou a coordenadora do estudo, Simone Miraglia, do Instituto Nacional de Análise Integrada do Risco Ambiental (Inaira).

Em 2003, a concentração de poluentes no dia controle foi de 41 microgramas por metro cúbico (µ/m3). No dia da greve o número saltou para 101,49 µ/m3. Foi encontrado o equivalente a oito mortes adicionais associadas à poluição durante a paralisação, o que representa aumento de 14% e um custo de US$ 50 milhões.Para avaliar o impacto econômico das mortes, a equipe usou uma revisão de estudos da Agência Ambiental Americana.

No ano de 2006, o impacto encontrado foi menor. A concentração de poluição saltou de 43.99 µ/m3 no dia controle para 78.02 µ/m3 durante a greve. As mortes adicionais foram seis, o que corresponde a um aumento de quase 9% e a uma perda de produtividade de US$ 36 milhões.

De acordo com Miraglia, a explicação para o menor impacto em 2006 foi a renovação da frota de veículos na capital.

Com base nesses resultados, os pesquisadores fizeram uma estimativa do custo para a saúde caso o metrô ficasse um ano inteiro sem funcionar.

Transporte e poluição

Segundo dados do Inaira, 90% da poluição atmosférica em São Paulo é gerada por carros, motos e caminhões. O transporte individual é responsável por 45% dos deslocamentos na cidade, enquanto o transporte público corresponde a 55%.

Entre os meios de transporte de massa, os ônibus são responsáveis por levar 71% dos passageiros, o metrô fica com 24% e o trem, com 5%. De acordo com os pesquisadores, enquanto três pistas de carro em uma avenida como a marginal do rio Tietê têm capacidade de transportar 5,45 mil passageiros por hora, uma pista de ônibus leva até 6,7 mil pessoas e um trilho de metrô, 60 mil.

Para o coordenador do Inaira e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Paulo Saldiva, todas as medidas para diminuir a poluição dão lucro.

O artigo "Evaluation of the air quality benefits of the subway system in São Paulo, Brazil", de Cacilda Bastos Pereira da Silva e outros, pode ser lido em www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0301479712000606.

(Com Agência Fapesp - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo)