Topo

Asfalto mantém calor e faz noites serem até 5ºC mais quentes

Alessandra Morgado

Do UOL, em Piracicaba

12/03/2013 06h00

O asfalto faz as noites nas cidades serem até 5 graus Celsius mais quentes, segundo estudo da USP (Universidade de São Paulo), em Piracicaba. Esse tipo de superfície tem a capacidade de guardar calor durante o dia e liberá-lo até aproximadamente 20h30, com isso o desconforto térmico nas vias perdura mais, o que aumenta o consumo de água, energia elétrica e o desgaste físico.  O asfalto esquenta as massas de ar na superfície gerando o ‘calorão’ das noites, que vai diminuindo ao longo do período noturno.

O professor Demóstenes Ferreira da Silva Filho, do Departamento de Ciências Florestais da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/USP), disse que o estudo de 2012 foi feito com câmera termal e fotos aéreas. Nas imagens, realizadas durante o dia e à noite, é possível diferenciar as variações de calor emitidas pelas diversas superfícies, como asfalto, cobertura verde, prédios, muros e telhados.  É nítido verificar que as ruas asfaltadas estão mais quentes que as demais áreas.

O especialista em métodos quantitativos, Jefferson Polizel, que participou do levantamento, informou que o resultado é inédito porque imagens de satélite não identificavam essa característica. As fotografias foram feitas em quase todos os bairros de Piracicaba – região da Esalq, Centro da cidade, entre outros - e a situação se repetiu. “Pode-se extrapolar tranquilamente para qualquer cidade, porque a situação é a mesma”, disse o professor Silva Filho.

A solução para o problema é o aumento da cobertura vegetal das vias públicas, o que sombrearia o asfalto diminuindo a incidência dos raios solares. “Este trabalho justifica a arborização viária no município”, afirmou Silva Filho. Ainda segundo ele, a arborização nos bairros de Piracicaba encontra-se entre 5% e 20%. A pior situação é do (bairro) Cidade Alta, mas áreas como Nova Piracicaba, Santa Rita e Cidade Jardim têm boa cobertura arbórea. “É preciso plantar árvores, de grande porte, margeando as ruas da cidade.”

Uma conferência internacional , de 21 a 26 de abril em Foz do Iguaçu (PR), terá a apresentação de estudos e propostas para solucionar ou minimizar a falta de planejamento urbano.  A conferência reunirá 100 pesquisadores de todas as partes do mundo para discutir temas, como: proteção da natureza, manejo de paisagem, silvicultura urbana (recuperação de áreas degradadas), turismo ecológico, unidades de conservação e desenvolvimento regional.