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Esgoto em lago da Universidade de São Carlos (SP) tem fezes e mata peixes

Eduardo Schiavoni

Do UOL, em Americana (SP)

26/06/2014 06h00Atualizada em 26/06/2014 12h08

O lago localizado no campus da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) sofre com lançamento de esgoto no ribeirão Manjolinho. Há registro de fezes encontradas no local. Estudantes reclamam de mau cheiro e houve registro de mortandade de peixes na região.

Segundo medição feita pelos estudantes de biologia da Ufscar, o nível de oxigênio na água chegou a 0 mg/l em profundidades superiores a 1,5 metro. O mínimo preconizado como aceitável é de 5 mg/l.

De acordo com a medição, feita em 14 de junho, a oxigenação na superfície é de 2,61 mg/l, caindo para 2,06 mg/l a 50 centímetros de profundidade, 0,29 mg/l a um metro, e 0 a 1,5 metro de profundidade.

Por conta da situação, estudantes da universidade fizeram uma campanha para livrar o lago da poluição. Segundo eles, a água que chega à represa vem com dejetos in natura despejados por uma série de fábricas antes de o ribeirão chegar à UFSCar.

"Em todas as profundidades analisadas, o valor de oxigênio dissolvido foi menor do que o mínimo necessário para a preservação da vida aquática", informa a estudante Camila Sabadini, Ela ressaltou que a análise da presença de coliformes fecais ainda está sendo feita.

A situação se agravou há cerca de duas semanas, quando a quantidade de fezes boiando no local chegou a tomar metade da área da represa.

A Prefeitura de São Carlos e o SAEE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) realizaram uma inspeção no sistema de esgoto. Foi encontrada uma série de problemas na rede, e o SAEE começou uma operação para resolver os vazamentos. A situação melhorou com a retirada das fezes do lago, mas ainda há esgoto na represa.

Para Camila Sabadini, a questão é preocupante. “O que aparece flutuando nas fotos que tiramos são fezes. Os dejetos foram lançados diretamente no rio que deságua no lago e se acumularam na UFSCar”, disse.

Depois da denúncia, o lago foi limpo por servidores do SAEE, mas o problema persiste. “Existe uma cadeia que depende do ecossistema desse lago. Animais estão morrendo, sem contar o mau cheiro. Por isso estamos tentando fazer essa campanha.”

Abaixo-assinado

Os alunos começaram um abaixo-assinado para pedir que a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) faça uma inspeção, com avaliação da água do lago e vistoria de empresas da região, para determinar se há despejo irregular de esgoto no Monjolinho. Os universitários querem que as indústrias que estejam irregulares sejam autuadas.

“Ficamos preocupados de toda a biodiversidade que estava ali desaparecer e se tornar um sistema morto. O interessante seria a intervenção da Cetesb e a participação dos professores, alunos e munícipes no processo",  informa Leonardo Seneme Ruy, biólogo formado pela UFSCar e que colabora na divulgação do abaixo-assinado. “Nossa intenção é preservar o lago”, complementa.

Outro lado

A reportagem entrou em contato com a UFSCar, que informou que, assim que tomou conhecimento do caso, “notificou o SAEE de São Carlos”. “O SAAE, então, detectou, pontos de vazamento no emissário de esgoto, problema cuja origem foi causada por um rompimento de uma tubulação, localizada fora do Campus São Carlos da UFSCar. O reparo foi realizado e o material foi removido da superfície do lago. A qualidade da água continua sendo monitorada”, disse a instituição.

O SAEE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto de São Carlos) informa que solucionou o problema do vazamento do esgoto na semana passada.

"Os técnicos da SAAE realizam agora acompanhamento diário no local, com coletas de amostras da água e medição dos níveis de poluição. A estiagem e a diminuição no nível de água do local também são fatores que complicam um funcionamento 100% da rede no local."

A autarquia foi questionada sobre o despejo irregular de esgoto no local, mas não se pronunciou a respeito do caso.