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Mancha no São Francisco volta a se acentuar; quatro cidades estão sem água

Mancha que cobre parte do rio São Francisco - Ermi Ferrari/IMA/Divulgação
Mancha que cobre parte do rio São Francisco Imagem: Ermi Ferrari/IMA/Divulgação

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

12/05/2015 12h51

A mancha escura que estava se dissipando no rio São Francisco, entre Alagoas e Sergipe, causada por microalgas, voltou a ficar acentuada, segundo informações da CBHSF (Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco) divulgadas nesta terça-feira (12). O retorno da área escura foi observado na segunda-feira (11), dois dias depois que a operação de aumento de vazão do rio ser suspensa.

A mancha no São Francisco foi detectada no dia 10 de abril, depois que moradores observaram que a água estava com cheiro forte e cor diferente que a habitual.
Com autorização da ANA (Agência Nacional de Águas), técnicos aumentaram a vazão do rio de 1.000 m³/s para é de 1.500 m³/s para tentar diminuir o problema. A operação durou nove dias e foi iniciada no último dia 30. Mas, depois que a coloração escura diminuiu, a vazão voltou ao normal, no último sábado (9).

O reaparecimento da mancha fez a Casal (Companhia de Saneamento de Alagoas) suspender a captação de água bruta na estação do Salgado, localizada em Delmiro Gouveia, sertão de Alagoas. O sistema coletivo de abastecimento do Sertão está parado desde esta segunda-feira.

As cidades de Água Branca, Inhapi, Mata Grande e Canapi tiveram abastecimento de água suspenso. Já Delmiro Gouveia e Pariconha recebem água parcialmente. Carros-pipa estão levando água para as seis cidades afetadas.

A área escura mede 24km de extensão, 7 metros de profundidade e teria sido causada, segundo o IMA (Instituto do Meio Ambiente de Alagoas), por liberação de sedimentos de barragem da Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco) acumulados em 30 anos.

O lago Belvedere, barragem da Chesf, foi esvaziado no dia 22 de fevereiro para manutenção. O reservatório fica no Complexo Apolônio Sales, que abastece a usina hidrelétrica de Paulo Afonso (BA). Após análises, o IMA aplicou a multa de R$ 650 mil à Chesf.

Nesta terça-feira (12), técnicos da Casal, do IMA, Ibama e outros órgãos ambientais realizaram coletas e análises de amostras no leito do rio para tentar descobrir outra forma de minimizar o problema. Ainda não há prazo para os resultados das análises.

Segundo o secretário do comitê, Maciel Oliveira, um novo aumento da vazão deverá ser estudado para que não haja desperdício de água devido à seca que o Nordeste enfrenta. "Foram nove dias operando com a vazão aumentada de 1.000 m³/s para 1.500 m³/s, mas as barragens de Sobradinho e de Itaparica estão com 21% e 16% das capacidades, respectivamente. Não podemos desperdiçar água sem que haja um estudo para minimizar o problema, pois observamos que quando a água se concentrou as algas retornaram", diz.

O comitê disse que existe possibilidade de trazer profissionais da Nova Zelândia ou do Canadá, especialistas em microalgas, para ajudar a resolver o problema.