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Ursos polares estão mais ameaçados pelo aquecimento global que o esperado

Urso polar dorme sob a linda luz da região de Churchill, no Canadá - Getty Images
Urso polar dorme sob a linda luz da região de Churchill, no Canadá Imagem: Getty Images

Débora Nogueira

Do UOL, em São Paulo (SP)

16/07/2015 15h00

Os ursos polares podem ser ainda mais prejudicados pelo aquecimento global do que se imaginava. Um estudo realizado na Universidade de Wyoming, nos EUA, que será publicado na Science desta sexta-feira (17), conclui que esses animais têm um metabolismo menos adaptável às mudanças climáticas do que o esperado. Por isso, a sobrevivência da espécie estaria ameaçada, segundo os cientistas.

O derretimento das calotas polares deve ter um efeito severo sobre a alimentação desses animais, que normalmente caminham longas distâncias através do gelo para chegar em alto mar para a caça de focas. A espécie está na lista norte-americana de espécies em perigo de extinção desde 2008. Durante o verão, de abril a julho, quando o gelo é derretido em partes, alguns animais preferem ficar apenas nas calotas de gelo em alto mar e outros ficam nas costas marítimas.

“Nós sabíamos que os ursos estavam em perigo desde antes do estudo, mas não entendíamos bem a fisiologia deles no verão, o que poderia nos ensinar como eles vão se adequar ao futuro. Nossos resultados se unem a outras pesquisas que indicam que esses animais vão ter que encarar um alto nível de estresse em busca de comida se o gelo continuar derretendo”, afirmou o doutorando John Whiteman, que liderou a pesquisa, em entrevista ao UOL.

Hibernação diferente

Os cientistas doparam os ursos a partir de um helicóptero, e uma vez imobilizados, implantaram colares com chips para acompanhar o metabolismo de mais de duas dúzias de ursos polares, no norte do Alasca e no Canadá, entre 2008 e 2010.

Já se sabia que os animais entravam em uma espécie de hibernação durante os meses do verão, porém, ela é diferente da hibernação do inverno, quando os ursos praticamente só dormem. A “hibernação de caminhada”, como esse estado foi chamado, busca resguardar as energias do corpo durante o verão, quando a comida não é tão abundante.

Nesta pesquisa, os colares com chips monitoraram a temperatura corporal e os deslocamentos de dois grupos de ursos polares: os que estavam em alto mar e os que estavam na costa. Em ambos os casos, a temperatura não baixou o suficiente para guardar energia corporal durante os meses de falta de presas, ou seja, o metabolismo dos animais é capaz de se adaptar a situações de falta de alimentos, mas não o suficiente para se adaptar a um cenário de “verão prolongado”.

“Quando os ursos não conseguem caçar em alto mar, eles ficam praticamente sem comida. Eles vão tentar comer outros tipos de comida, por exemplo, já foi observado que alguns comem vegetação, ovos de pássaros e lixo produzido pelo homem, mas isso não será o suficiente para substituir as focas”, conclui o pesquisador.

Em outra pesquisa recente, descobriu-se que esse comportamento já está em vigor: diversos ursos polares estariam se alimentando de golfinhos.