Temer se reaproxima de Alckmin, e Meirelles busca se cacifar dentro do MDB

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

  • MARCELO CHELLO/CJPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Enquanto Michel Temer (MDB) busca se reaproximar do pré-candidato do PSDB à Presidência, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, Henrique Meirelles tenta se cacifar dentro do MDB e garantir sua candidatura ao Palácio do Planalto.

Na semana passada, em São Paulo, o presidente Temer se encontrou com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para, dentre outros assuntos, conversar sobre a necessidade de o grupo político considerado de centro se unir em torno de um único candidato nas eleições de outubro deste ano. Encontros semelhantes foram mantidos com o ex-prefeito de São Paulo João Doria (PSDB).

A relação entre Temer e tucanos havia estremecido quando houve a votação das duas denúncias contra ele apresentadas pela PGR (Procuradoria-Geral da República), no segundo semestre do ano passado. Na avaliação do Planalto, Alckmin e integrantes da bancada do PSDB na Câmara não se esforçaram como deveriam para rejeitar as peças.

Na primeira denúncia, 22 deputados tucanos votaram contra o pedido e 21 votaram a favor. Na segunda, foram 21 deputados contra a peça e 23 a favor da continuidade do processo.

Porém, na avaliação de Temer e do PSDB, o centro está muito pulverizado, o que divide os votos de parte do eleitorado com perfil semelhante. Ao todo, há pelo menos oito pré-candidatos neste grupo: Rodrigo Maia (DEM), Geraldo Alckmin, Guilherme Afif Domingos (PSD), Alvaro Dias (Podemos), Paulo Rabello (PSC), Henrique Meirelles (MDB) e Flávio Rocha (PRB), fora o próprio Temer.

O mais bem colocado na disputa é Alckmin, com 6% a 11% das intenções de voto nacionalmente, de acordo com as últimas pesquisas divulgadas. O restante dos citados não passa dos 5%, sendo que vários ficam entre 0 e 3%.

Em entrevistas nos últimos dias, Temer deu declarações indicando que abrirá mão de sua candidatura a favor de um único candidato do grupo. Para tanto, abriu diálogo com partidos como PP, DEM, PR, PRB, PTB, PSC e PHS. Temer também estreitou as relações com o pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PSB, Márcio França, aliado de Alckmin.

Apesar de tender a apoiar Geraldo Alckmin, o presidente reclama da falta de disposição do pré-candidato tucano em querer aparecer ao seu lado ou estar vinculado ao seu nome de alguma maneira. Segundo um assessor de Temer, "Alckmin quer todas as benesses que vêm junto ao presidente como tempo de televisão, reformas aprovadas, índices econômicos positivos, mas não quer o presidente. Então, fica difícil. Enquanto isso, o Meirelles vem se posicionando muito bem".

Até o momento, Temer não passou dos 2% das intenções de voto e seu governo é reprovado por até 72% dos brasileiros, de acordo com pesquisa Ibope encomendada pela CNI de início de abril.

Questionado sobre como resolver a questão, o auxiliar do presidente disse que "com muita conversa. Mas, a tendência é de que acabem se acertando. Tudo converge para o Alckmin ser esse candidato do centro". Alckmin conversou sobre o assunto com Temer por telefone e os dois ficaram de marcar uma conversa pessoal.

Nesta quarta, indagado pela imprensa, Alckmin se negou a garantir que apoiará o chamado legado do governo Temer, falou que as reformas estão sendo muito "personificadas" e disse que as alianças só serão definidas no segundo semestre.

Por sua vez, o ex-prefeito de São Paulo e candidato ao governo do Estado, João Doria, afirmou não ver "nenhum problema" em se defender a política econômica implantada por Meirelles.

"Ela é boa, positiva, ajudou o Brasil, estancou a inflação, melhorou os índices do país, apresentou crescimento econômico, foi responsável fiscalmente. Nenhum problema de fazer a defesa de uma política econômica feita no governo Temer, no governo do MDB", declarou.

Meirelles reforçará campanha

Temer tem promovido reuniões do MDB no Palácio da Alvorada com o intuito de ouvir os políticos do partido. Nelas, o presidente faz uma defesa de seu governo e ressalta a necessidade de um candidato que siga esse legado, mas tem de considerar as dificuldades regionais na formação de coligações. O senador Renan Calheiros (MDB-AL), que tem se estranhado com Temer, não compareceu a nenhum dos encontros, por exemplo. Calheiros é pai de Renan Filho (MDB-AL), governador de Alagoas e candidato à reeleição.

O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles está disposto a assumir o papel de defensor da herança de Temer e tem participado das reuniões. Nesta terça (8), participou de evento de pré-candidatos à Presidência como o indicado pelo MDB em Niterói, no Rio. Entretanto, ele não é unanimidade dentro do partido, ao qual se filiou em abril após se ver ceifado no PSD comandado pelo atual ministro das Comunicações, Gilberto Kassab.

Por isso, Meirelles busca se cacifar dentro do MDB para não ficar de escanteio. A estratégia da campanha eleitoral será melhor delineada nos próximos dias com o marqueteiro Chico Mendez e as viagens deverão se intensificar.

O ex-ministro segue com agenda de viagens para participação em eventos e palestras – dependendo do lugar, voa em avião privado. A maioria dos compromissos tem sido com público de empresários, agropecuários e pessoas com o perfil de seu potencial eleitorado. Alguns convites são de quando ainda estava na Fazenda.

Um ponto favorável a Meirelles dentro do MDB é que ele está disposto a bancar sua campanha com recursos próprios. Ou seja, sobrará mais dinheiro do partido para candidatos dos demais cargos.

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