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Palavras de resistência e apelos para que a militância não se desmobilize marcaram nesta segunda-feira (9) a vigília de movimentos sociais em Curitiba contra a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Os manifestantes se concentram a menos de 200 metros do prédio da PF. É lá que o petista está preso, condenado na Operação Lava Jato no caso do tríplex do Guarujá, desde o último dia 7 de abril.

O grupo, de cerca de 70 pessoas, é bem menos volumoso que o de ontem à noite -- que chegou a cerca de 2000, segundo a coordenação do acampamento "Lula Livre" —, quando era grande a expectativa pela soltura do ex-presidente em meio a um embate jurídico que envolveu desembargadores do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) e o juiz da 13ª Vara Federal do Paraná, Sergio Moro.

Com placas e cartazes críticos a Moro e simpáticos ao desembargador Rogério Favreto —plantonista no TRF-4 que determinou a soltura de Lula —, os militantes deram bom dia ao ex-presidente, com megafones e gritos, e conclamaram uns aos outros a não baixarem a guarda mesmo em cenários aparentemente negativos ao petista, como a manutenção da prisão. A vigília entrou hoje no 94º dia.

"O espaço aqui está se transformando no maior curso de formação, em uma grande escola. O tempo que a pessoa passa aqui é um tempo de formação, ela está se preparando e entendendo o que está acontecendo", afirmou ao grupo um dos coordenadores do MST (Movimento dos Sem Terra), Roberto Baggio. O movimento é um dos coordenadores dos atos de resistência à prisão de Lula no Paraná.

"Moro interfere na outra instância e orienta para que não se cumpra uma ordem judicial. O delegado da PF enrola e impede a soltura. Com isso, vocês percebem como o aparelho do Estado funciona para a elite — Lula é um sequestrado político, e só com crescimento da força popular, nesse cenário, é que a gente vai se autoformar e autocapacitar para seguir. Seguimos a resistência até a batalha final", concluiu o dirigente.

Por volta de 11h30, subiram para se reunir com Lula seu advogado de defesa, Cristiano Zanin, acompanhado do ex-ministro da Justiça no governo Dilma e ex-procurador federal Eugênio Aragão. Zanin afirmou apenas que teve "participação nenhuma" no pedido de habeas corpus apresentado pelos deputados petistas Wadih Damous (RJ), Paulo Pimenta (RS) e Paulo Teixeira (SP) ao TRF-4 e que a tentativa dos parlamentares "será tocada paralelamente" às ações da defesa do ex-presidente.

O advogado entrou após a saída de Luiz Carlos Rocha, também da defesa. Ao sair, o advogado afirmou que Lula repetiu instantemente "Moro não é imparcial, Moro não é imparcial". "Ele nunca acreditou que sairia. Fez as malas ontem de manhã porque os advogados o orientaram, a partir da decisão do TRF. Mas nunca acreditou que sairia", enfatizou Rocha.

O policiamento segue reforçado nas imediações da PF. Procurada, a assessoria de imprensa da instituição informou que a superintendência não se manifestaria sobre as críticas quanto ao não cumprimento imediato da ordem de soltura. Conforme a assessoria, a PF "teve a mesma prudência" para análise do pedido da que teve quando do cumprimento da ordem de prisão do petista, em abril, em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo).

Pela manhã, estiveram na PF os advogados Luiz Carlos da Rocha, integrante da defesa de Lula, e Luiz Fernando Casagrande Pereira, especialista em direito eleitoral que, em maio, elaborou um parecer defendendo a possibilidade de o petista ser candidato. Eles não deram detalhes sobre o teor da visita.