Preso, Lula diz que Haddad será suas pernas e voz na campanha à Presidência
Ana Carla Bermúdez
Do UOL, em São Paulo
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Nelson Antoine/UOL
24.jan.2018 - Lula e Haddad participam de ato na praça da República, em São Paulo
O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vagner Freitas, disse nesta quinta-feira (9) que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) incumbiu a Fernando Haddad (PT), candidato a vice em sua chapa, a tarefa de ser "suas pernas e sua voz" na campanha deste ano para a Presidência.
"Essa tarefa é dada ao Fernando Haddad pelo próprio presidente Lula", disse o presidente da CUT, que afirmou repassar um recado do ex-presidente para "as pessoas do Brasil inteiro".
"Fernando Haddad é o representante dele, é a voz dele, é as pernas dele enquanto ele estiver preso", afirmou. "Fernando Haddad fala em nome dele, deve representá-lo nos debates, deve representá-lo em aparições públicas", acrescentou.
Freitas visitou o ex-presidente na tarde desta quinta na sede da Polícia Federal, em Curitiba, onde o petista está preso desde o dia 7 de abril. Condenado em segunda instância pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva, Lula está, em tese, inelegível pela Lei da Ficha Limpa. Mesmo assim, ele foi confirmado como candidato do PT à Presidência no sábado (4). A legalidade de sua candidatura vai depender de uma análise da Justiça Eleitoral.
Antes de ser confirmado como vice na chapa do PT, Haddad era apontado como um possível plano B do partido diante um impedimento da candidatura de Lula.
O presidente da CUT também disse que Lula classificou como "um absurdo" o fato de Lula não estar representado no primeiro debate entre candidatos à Presidência, que será realizado pela TV Bandeirantes na noite de hoje, às 22h.
"A Bandeirantes não aceita o Fernando Haddad, a Bandeirantes não aceita colocar a cadeira livre e ele acha tudo isso um absurdo", afirmou.
Em carta enviada à Bandeirantes nesta quinta, Lula classificou como "censura" a decisão de deixá-lo de fora do debate. Por decisão da juíza federal Carolina Lebbos, responsável pela execução penal do petista, Lula está proibido de conceder entrevistas na prisão e não pode deixar a sede da Polícia Federal para participar de eventos de campanha.
"A candidatura que lidera as pesquisas é impedida de debater com as demais suas propostas e ideias defendidas por milhões de brasileiros. Viola também a liberdade de imprensa, impedindo que um veículo de comunicação cumpra seu dever de informar, e proibindo o público de exercer seu direito de ser informado. O nome disso é censura", diz Lula no texto.
Mais cedo nesta quinta, o TRF-4 negou um pedido do PT para que Lula pudesse participar do evento. O partido pedia para que Lula pudesse comparecer pessoalmente ao evento ou para que participasse por videoconferência ou por vídeos previamente gravados.
Sharan Burrow, secretária-geral da CSI (Confederação Sindical Internacional), visitou o ex-presidente ao lado de Freitas nesta quinta. Burrow disse que Lula reafirmou a ela que será candidato e que quer ser presidente do Brasil porque se preocupa com a situação do país. "Se os trabalhadores do mundo pudessem votar, eles votariam para Lula como presidente", disse.