A ruralistas, Alckmin defende reintegração de posse: "invadiu, desinvade"

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

  • Fatima Meira/FuturaPress/Estadão Conteúdo

    Alckmin falou a ruralistas na CNA

    Alckmin falou a ruralistas na CNA

O candidato à Presidência da República pelo PSDB, Geraldo Alckmin, defendeu nesta quarta-feira (29) reintegrações de posse de terrenos invadidos, falou que a prática não será tolerada e que, se "invadiu, desinvade".

Ele ainda disse que, se eleito, reeditará Medida Provisória do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) que estabelece que terras invadidas não podem ser desapropriadas no período de dois anos para a reforma agrária. Na proposta, Alckmin quer que o prazo seja estendido para quatro anos em caso de reincidência. 

As declarações foram dadas durante sabatina em Brasília promovida pela CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).

"Invadiu, desinvade. Aliás, sendo presidente, vou cobrar dos governadores, porque muitas vezes tem decisão judicial de reintegração de posse que não é cumprida. Se não cumprirmos decisão judicial, vamos abrir mão da democracia. Isso é valor, princípio. Quando não se cumpre ação judicial, cabe à polícia por ordem judicial executá-la", afirmou, ao citar uma resolução de conflito de terras no Pontal do Paranapanema enquanto governador de São Paulo.

No evento com ruralistas, ele defendeu a regularização fundiária para minimizar inseguranças jurídicas, se disse favorável à facilitação de porte de armas em áreas rurais e ao aumento de pena para receptadores de produtos roubados.

"Equipamentos e defensivos agrícolas são caríssimos. Isso [o roubo] é sob encomenda", falou, ao ressaltar querer criar uma agência que uma Forças Armadas, Abin (Agência Brasileira de Inteligência), PF (Polícia Federal) e PRF (Polícia Rodoviária Federal), além de criar uma Guarda Nacional permanente com foco em fronteiras e, consequentemente, no campo.

Quanto à economia, Alckmin afirmou que ampliará o crédito disponível de seguros para produtores rurais e expandirá o fundo de catástrofes, permitindo a participação de aportes financeiros da iniciativa privada.

O candidato criticou duramente o tabelamento de frete determinado pelo governo do presidente Michel Temer (MDB), chamando a medida de "retrocesso" causada pelo corporativismo. Como alternativa para a redução do preço de combustíveis, afirmou que a Petrobras deve fazer reajustes médios mensais e que se deve haver um imposto que flutue de acordo com a cotação do barril do petróleo no mercado internacional.

O tucano voltou a citar propostas e metas no seu eventual governo que visam estimular a economia e diminuir o déficit primário em até dois anos, como as reformas da Previdência, tributária e política. Alckmin prometeu que, se eleito, não desvinculará o salário mínimo à Previdência Social. Segundo ele, é preciso repor a inflação e haver um ganho de crescimento na economia sem "deixar ninguém [aposentados e pensionistas] para trás".

O candidato também elencou a política externa e a diplomacia como alguns dos mais importantes fatores para o crescimento da economia brasileira. Ele criticou o protecionismo praticado por outros países, inclusive com palavras diretamente contra a política exercida pelo presidente dos Estados Unidos Donaldo Trump, e disse que o Brasil deve pleitear entrada na Parceria Transpacífico – acordo de livre-comércio hoje formado por 11 países, com a saída dos Estados Unidos em janeiro de 2017.

Desempenho nas pesquisas

Em relação às eleições e ao fato de não aparecer com dois dígitos de intenção de voto em nenhuma pesquisa, o ex-governador disse haver "dois ansiosos na vida: os políticos e os jornalistas". "A gente precisa controlar a ansiedade. Agora é que a campanha vai começar", minimizou.

Ao ser questionado sobre ter evitado ataques a adversários em debates realizados até o momento, na visão de alguns jornalistas, Alckmin citou críticas que recebeu após perder as eleições no segundo turno para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2006. Segundo ele, pessoas ora falavam que ele tinha "batido" muito no Lula, ora que ele não tinha tomado uma atitude mais incisiva.

"Cada um tem uma ideia. Eu não vou mudar, porque senão não sou eu. O Brasil não precisa de showman, gritaria. O país precisa voltar ao normal", afirmou.

Hora nenhuma Alckmin citou nomes de concorrentes à disputa pelo Planalto. No entanto, aproveitou a oportunidade para criticar oponentes que já deram declarações tidas por parte da população como racistas e machistas, como Jair Bolsonaro (PSL).

Ao final, o candidato ressaltou a necessidade da maior participação das mulheres no mercado de trabalho, chamando-as de "melhores do que nós homens pela garra, sensibilidade, determinação", e falou que sua candidata a vice, senadora Ana Amélia, será muito ativa na função.

"Quando as mulheres crescem, têm empoderamento, não ganha só as mulheres, mas toda a sociedade. [...] Temos de acabar com essa coisa machista, atrasada", disse.

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