Para Marina, proposta de Constituinte de Mourão é uma "forma de golpe"
Luciana Amaral
Do UOL, em Brasília
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Luciana Amaral/UOL
Marina Silva come tapioca durante agenda de campanha em Brasília
A candidata à Presidência da República pela Rede, Marina Silva, afirmou nesta sexta-feira (14) que a proposta defendida pelo candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), general Hamilton Mourão (PRTB), de uma nova Constituição mais enxuta sem a participação obrigatória de pessoas eleitas pela população pode ser classificada como uma "forma de golpe".
"Numa democracia, quem faz a Constituição, a Constituinte só é feita com os escolhidos soberanamente por uma sociedade. Qualquer coisa que não seja pelo voto soberano da sociedade elegendo seus constituintes é querer estabelecer uma Constituinte mediante uma forma de golpe", declarou a candidata, ao ser questionada especificamente sobre a fala do general nesta quinta (13).
A declaração de Marina foi dada durante passeata pelo Taguacenter, centro de comércio popular em Taguatinga, no Distrito Federal. Mais cedo, ela se reuniu com o chefe do Estado-Maior da Armada da Marinha, almirante de esquadra Ilques Barbosa Júnior. Ela disse que, no encontro, ele concordou que o "mapa do caminho é a Constituição".
Ontem, Hamilton Mourão disse que "uma Constituição não precisa ser feita por eleitos pelo povo".
O candidato a vice-presidente defendeu durante agenda de campanha no Paraná que o Brasil precisa de uma Constituição mais enxuta, alegando que se trata de sua opinião pessoal e não de Bolsonaro. Para ele, a nova Constituição não precisaria ser criada por parlamentares eleitos, mas por uma comissão de notáveis, com esse processo sendo submetido a plebiscito.
Para Marina, a democracia é a única maneira de se resolver os problemas do Brasil e tem como fundamento que "todo poder emana do povo".
"Qualquer coisa fora disso é inaceitável. Nem arroubos de saudosismos autoritários nem qualquer outra coisa. Este é o momento de todos os brasileiros estarem sendo guiados pela Constituição", acrescentou.
Café "quase anônima"
Por ter chegado mais cedo ao local marcado para a passeata, Marina Silva tomou café da manhã em uma loja de produtos artesanais. Ela bebeu suco de cupuaçu e comeu uma tapioca.
No local, ela comprou um moedor de mandioca conhecido como tipiti e ganhou uma jarra de mel de abelha do tipo Jataí do dono do comércio. As contas foram pagas pela assessoria da candidata.
Ao longo do café, antes de militantes da Rede chegarem à lanchonete, ela quase não foi abordada por pessoas na rua.
Alguns clientes entraram no comércio, mas não conversaram com a candidata. Somente um senhor que disse ser cearense sentou-se com Marina e conversou sobre política com ela.
Terminado o suco e a tapioca, Marina passeou pelo comércio local entrando em uma loja de sapatos e outra de artigos para festas. Ela cumprimentou os vendedores da região e andou ao lado de apoiadores.