Campanha de Bolsonaro tenta se profissionalizar para atacar PT no 2º turno

Gustavo Maia

Do UOL, em São Paulo

  • Wilton Junior/Estadão Conteúdo

Diante da possibilidade iminente de ver o seu tempo de propaganda eleitoral saltar dos atuais oito segundos para cinco minutos por programa, a campanha do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) tenta profissionalizar a estrutura de televisão no eventual segundo turno para explorar ataques ao PT, do candidato Fernando Haddad. Este duelo é apontado como o mais provável pelas pesquisas de intenção de voto.

Desde a pré-campanha, o deputado federal do nanico PSL apostou no improviso e gastou significativamente menos que seus principais adversários na produção de programas de rádio, TV ou vídeos para redes sociais. A despesa dele com as peças até o momento foi de R$ 240 mil, segundo a mais recente prestação de contas do candidato.

A oito dias do primeiro turno, em 7 de outubro, a cúpula do partido busca uma nova produtora para cuidar das propagandas eleitorais. Segundo integrantes da cúpula da campanha, a empresa deverá ter um perfil mais "profissional" e "dinâmico", para dar conta de preencher uma hora por semana durante a segunda etapa do pleito.

Reprodução/Youtube
Campanha de Bolsonaro pretende profissionalizar os vídeos em campanha de 2º turno

Cada candidato terá direito a dois blocos de cinco minutos por dia, de segunda a sábado. No rádio, os programas serão transmitidos das 7h às 7h10 e das 12h às 12h10. Na televisão, das 13h às 13h10 e das 20h30 às 20h40. No primeiro turno, o programa de Bolsonaro está sendo exibido três dias por semana, às terças, quintas e sábados, totalizando 48 segundos semanais.

Com o tempo exíguo, a constatação da equipe de Bolsonaro é que ele mal tem tempo para se apresentar aos eleitores, quanto mais para criticar adversários --que têm usado a propaganda para atacá-lo. Os oitos segundos são suficientes para, no máximo, ler este parágrafo. E em velocidade acima da média.

Em entrevista ao programa "Brasil Urgente", de José Luiz Datena nesta sexta-feira (28), Bolsonaro admitiu incomodar-se com os ataques dos rivais. Indagado sobre qual crítica mais o incomoda, o capitão da reserva respondeu: "o que mais incomoda são as inserções [de TV] do PSDB quando fala meias verdades".

A intenção, caso Bolsonaro vá ao segundo turno, é também aproveitar o "latifúndio" na TV para reforçar a imagem do presidenciável como um homem de família, aos moldes da peça que mostrou ele chorando ao falar de como desfez a vasectomia a pedido da mulher para ter a única filha, hoje com 7 anos.

A campanha estuda ainda apresentar futuros ministros do eventual governo do candidato do PSL nas propagandas de televisão e rádio.

Também em entrevista ao "Brasil Urgente", da Band, o presidenciável rechaçou a possibilidade de procurar partidos do chamado centrão ou o PSDB no 2º turno, mas admitiu se aliar a parlamentares, de forma individual.

Com apenas 8 segundos, Bolsonaro diz que a esperança está viva

Produtora dispensada e falta de recursos

Produtora contratada pelo PSL, a Mosqueteiros Filmes Ltda., sediada em Petrolina (PE), foi dispensada pela direção da sigla há três semanas, quando Bolsonaro levou uma facada durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG), no último dia 6. A avaliação é que a inexperiência pesou e não havia mais necessidade por conta da internação.

A reportagem do UOL tentou entrar em contato com a produtora nesta sexta (28), mas os telefonemas não foram atendidos, nos dois números que constam no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica da empresa.

Para colocar o plano em prática, a campanha de Bolsonaro terá que superar entraves criados pelo próprio candidato. O principal deles é a falta de recursos. A plataforma de arrecadação virtual do candidato é a que mais recebeu doações, cerca de R$ 1,9 milhão, mas outros presidenciáveis utilizam dezenas de milhões de reais do fundo eleitoral abastecido por verbas públicas.

Ocorre que Bolsonaro se comprometeu a não utilizar nenhum centavo do fundo, criado na minirreforma eleitoral aprovada do ano passado. Desde o início do processo eleitoral, o candidato tem alardeado que gastaria R$ 1 milhão em toda a campanha. O valor é inferior a boa parte dos gastos em disputas até para cargos mais modestos, como o de deputado federal.

O limite de gastos instituído por lei para a campanha à Presidência da República é de R$ 70 milhões, para o primeiro turno, e mais R$ 35 milhões, para o segundo. O total de despesas contratadas pela campanha até esta quinta (27) foi de pouco mais de R$ 1,2 milhão.

Segundo integrantes da campanha, Bolsonaro não se sente confortável ao pedir doações, o que tem ocorrido eventualmente por meio de vídeos publicados nas redes sociais. Após a internação por conta da facada, um de seus filhos, o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), que é candidato a senador pelo Rio, gravou um vídeo solicitando contribuições na "vaquinha" virtual.

Haddad, por sua vez, já declarou ter gasto aproximadamente R$ 2,2 milhões com a produção de propaganda eleitoral. Anteriormente, a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT que teve a candidatura indeferida pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) havia contratado R$ 13,5 milhões para fazer os programas de rádio e TV.

Quem mais gastou com propagandas foi o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB), que contratou mais de R$ 24 milhões em produção de programas.

Exposição em inserções

Além dos programas exibidos duas vezes por dia, os candidatos que disputarão o segundo turno vão dividir igualmente 25 minutos, de segunda-feira a domingo, para serem usados em inserções de 30 e de 60 segundos ao longo da programação das emissoras. A campanha na TV e no rádio começa na primeira sexta-feira a partir do primeiro turno.

Ao longo de todo o primeiro turno, ele teve direito a apenas 11 inserções. Já o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) é o presidenciável que mais dispôs de aparições do tipo (434 peças). O candidato do PT –Lula e, depois, Haddad-- teve 189.

A ideia da campanha do PSL é aproveitar as propagandas para evidenciar a prisão do ex-presidente petista –que deve completar seis meses na cadeia no dia do primeiro turno. Continuar associando o PT e seus aliados com a crise socioeconômica e humanitária que atinge a Venezuela também está nos planos da equipe de Bolsonaro.

Haddad, por sua vez, já declarou ter gasto aproximadamente R$ 2,2 milhões com a produção de propaganda eleitoral. Anteriormente, a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT que teve a candidatura indeferida pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) contratou R$ 13,5 milhões para fazer os programas de rádio e TV.

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