PT muda linha de campanha e ataca Bolsonaro em vídeo de Haddad

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

Pela primeira vez desde a oficialização de Fernando Haddad como candidato à Presidência pelo PT, no dia 11 de setembro, o partido divulgou um vídeo criticando diretamente seu principal adversário na corrida ao Planalto, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL).

Publicado nas redes sociais do PT na noite desta quarta-feira (3), o vídeo de título "Não troque o certo pelo duvidoso" traz imagens de Bolsonaro ao lado de diversas manchetes de notícias, buscando associá-lo a medidas polêmicas que tiveram o voto do deputado. A peça também foi exibida durante um intervalo na programação da TV Globo.

"Tem gente que diz que é o novo na política, mas está há décadas no Congresso aprovando projetos contra o interesse do povo brasileiro", diz a descrição do vídeo na internet.

Na peça, um narrador afirma que Bolsonaro foi "o único deputado que votou contra o Fundo de Combate à Pobreza" e "votou contra os direitos dos trabalhadores na reforma trabalhista de [Michel] Temer". "Mas quando foi para aumentar o próprio salário, ele votou a favor", continua a narração.

Um ator afirma, ainda, que Bolsonaro é contra o Bolsa Família. Outro continua: "Chega, né? Já basta o Temer".

Até então, tanto as inserções como os programas do PT para o horário eleitoral gratuito na TV e no rádio vinham tratando apenas de propostas, sem atacar nenhum adversário.

A mudança da linha de campanha do PT acontece em meio a uma estagnação de Haddad nas pesquisas eleitorais, ao mesmo tempo em que sua rejeição vem crescendo. Divulgada na noite desta quarta, pesquisa Ibope aponta o petista com 23% das intenções de voto, contra 32% de Bolsonaro. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Na comparação com o Ibope anterior, divulgado na segunda (1º), Bolsonaro foi de 31% para 32%, enquanto Haddad passou de 21% para 23%. Logo após ser confirmado como substituto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Haddad chegou a crescer 11 pontos percentuais, entre os dias 11 e 18 de setembro.

O apelo para que o eleitor não troque o "certo" pelo "duvidoso" também foi utilizado em campanhas petistas em outros anos.

Foi o caso de 2006, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disputava a reeleição contra Geraldo Alckmin (PSDB), e em 2014, quando a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) também disputava a reeleição, contra Aécio Neves (PSDB).

"Lula colocou 204 mil estudantes de baixa renda na universidade. Isso é certo. Alckmin acabou com o pré-vestibular de graça em São Paulo e agora diz que vai melhorar a educação. Isso é duvidoso. Não troco o certo pelo duvidoso. Quero Lula de novo", dizia uma das peças.

"Vergonha de ouvir na frente dos filhos"

Candidata a vice na chapa de Haddad, a deputada estadual Manuela D'Ávila (PCdoB-RS) também publicou um vídeo contra Bolsonaro em suas redes sociais na noite desta quarta. 

"Pense em sua família, em seus irmãos e irmãs, em seus amigos. No Brasil, tem lugar para todo mundo. Para o ódio às diferenças, não. Não dá para votar em alguém que a gente tem vergonha de ouvir na frente dos filhos", escreveu a deputada.

O vídeo mostra diferentes famílias, a maior parte delas com crianças, assistindo à televisão e simulando uma programação em que são exibidos discursos de Bolsonaro. Uma das cenas traz uma família negra na sala de casa enquanto Bolsonaro fala: "O afrodescendente mais leve lá, pesava sete arrobas. Não fazem nada!".

Em outra, enquanto uma mulher grávida acaricia sua barriga, ouve-se a voz do deputado dizendo: "Gostar de homossexual... Vamos falar, ninguém gosta, ok? Ninguém gosta. A gente suporta".

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