Da prisão, Lula pede que eleitores não se deixem intimidar pelas pesquisas

Do UOL, em São Paulo*

  • Marcelo Justo/UOL

    7.abr.2018 - Lula discursa à militância em frente ao sindicato dos metalúrgicos do ABC

    7.abr.2018 - Lula discursa à militância em frente ao sindicato dos metalúrgicos do ABC

Após visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na prisão nesta quarta-feira (3), o deputado federal Wadih  Damous (PT-RJ) disse que o petista pediu para que aliados orientem os militantes petistas a "não se deixarem intimidar pelas pesquisas". O parlamentar afirmou, ainda, que Lula passou um recado para que a militância vá as ruas para fazer com que Fernando Haddad (PT) chegue ao segundo turno e ganhe a eleição.

Em pesquisa divulgada nesta quarta-feira (3), o Ibope aponta que Haddad permanece na segunda posição, com 23% das intenções de voto. A liderança está com Jair Bolsonaro (PSL), com 32%. Porém, na simulação de segundo turno, o petista está em empate técnico, mas na frente numericamente: 43% a 41%. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

"O PT já enfrentou essa história de momentos de pesquisa que aparentemente são desfavoráveis. Essas coisas nós viramos nas ruas, no debate com o povo. Então, o recado que ele manda para todo mundo é esse: é não esmorecer, é não desanimar, muito pelo contrário. É se valer da garra que nós sempre apresentamos nas eleições", disse Damous, antes da divulgação da pesquisa.

"Não é a primeira vez que as pesquisas apontam determinado caminho, e quando esse caminho não é favorável, é revertido no processo eleitoral, nas urnas", afirmou o deputado federal.

Lula está preso na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, desde abril. Ele cumpre pena de 12 anos e um mês de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex da Lava Jato.

O PT chegou a pedir o registro da candidatura de Lula para a disputa ao Planalto, que foi negado pela Justiça Eleitoral com base na Lei da Ficha Limpa. Com o impedimento de Lula, Haddad, que era antes seu candidato a vice, passou a ocupar a cabeça da chapa.

Pesquisa Datafolha divulgada na noite desta terça (2) mostrou que Haddad, que vinha crescendo desde que foi oficializado como substituto de Lula, se manteve estável pela primeira vez. O petista teve com 22% das intenções de voto contra 21% do levantamento anterior divulgado pelo instituto. Sua taxa de rejeição, por outro lado, cresceu de 32% para 41%.

Seu principal adversário, Jair Bolsonaro (PSL), lidera a corrida eleitoral com 32% das intenções de voto, segundo o Datafolha.

Para Damous, apesar de o segundo turno estar praticamente "garantido", é preciso "não se deixar abater por conta de um viés favorável (a Bolsonaro), provavelmente momentâneo". O parlamentar não descartou a união com o centro no segundo turno, mas disse que o partido "não vai repetir determinados tipos de procedimentos que em outras épocas foram corretos e talvez nesse momento não sejam".

Com um discurso muito semelhante ao adotado por Haddad na manhã desta quarta, quando o candidato ligou Bolsonaro à disseminação de notícias falsas, Damous disse ainda que o PT sempre ganhou as eleições nas ruas, e não em WhatsApp e Facebook.

"Nós vamos para o segundo turno, vamos ganhar essas eleições, e o povo vai voltar a governar o Brasil. O povo vai voltar a ser feliz de novo", disse, fazendo referência ao slogan da campanha petista.

O parlamentar também criticou o que chamou de uma "fabricação" de anti-petismo e anti-lulismo. "Toda uma articulação que parece que quer dar de mãos beijadas o governo do Brasil para o fascismo. Isso é inaceitável e é contra isso que vamos lutar", afirmou.

O deputado federal, que também é um dos advogados de Lula, aproveitou a oportunidade para criticar a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) em proibir que o ex-presidente possa conceder entrevistas na prisão. A defesa do candidato entrou com um pedido no Supremo para tentar reverter a decisão.

"Isso é inconstitucional e, infelizmente, a inconstitucionalidade vem daquele órgão que deveria ser a garantia de respeito à Constituição, que é o STF", disse.

"Mas nada disso abate o presidente Lula e nada disso vai nos abater. Nós vamos para as ruas, desde sempre, sobretudo agora nessa reta final. Nós vamos para as ruas para ganhar essa eleição", complementou.

Também estiveram com Lula nesta quarta o tesoureiro do PT, Emídio de Souza, e Luiz Eduardo Greenhalgh, advogado do ex-presidente. Foi a primeira visita de aliados a Lula depois da última pesquisa eleitoral.

Para Damous, a estratégia petista deve ser a de atacar comentários de Bolsonaro e de seus aliados, como o candidato à vice-presidente, general Hamilton Mourão (PRTB), que criticou direitos trabalhistas, como o 13º salário. "Ele está nos dando presentes que estamos usando pouco, com (a defesa do) fim do 13º terceiro salário", afirmou.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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