Bolsonaro ganha palanques fortes no país, mas faltam aliados no Nordeste
Rodrigo Mattos e Gustavo Maia
Do UOL, no Rio
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Divulgação
Da esq. para a dir.: Flávio Bolsonaro, Jair Bolsonaro, Luiz Nabhan Garcia e Eduardo Bolsonaro posam para foto um dia após o primeiro turno das eleições
Coligado oficialmente apenas com o nanico PRTB, o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) recebeu apoios entre candidatos a governadores durante a campanha e chega com a possibilidade de ter palanques fortes pelo Brasil no segundo turno. A questão é que a única região onde não tem aliados fortes é o Nordeste, justamente onde perdeu em todos os estados. É a região onde o candidato foca para obter mais votos para bater Fernando Haddad (PT).
Desde o início, a campanha de Bolsonaro atuava com poucos apoios nos estados, organizada de forma isolada e apenas ao lado dos candidatos do seu partido, o PSL. Foram postulantes a governadores que aderiram ao presidenciável para colar em sua popularidade. Além disso, houve apoio de duas frentes parlamentares agropecuária e evangélica, embora não em sua totalidade (há membros do PT e PDT nestes grupos).
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Levantamento do UOL mostra que Bolsonaro soma declarações de apoios já certos de candidatos ao governo ou eleitos em 10 estados (AM, DF, GO, MG, PR, RJ, SP, RS, SC, RO e RR). Desses, sete têm segundo turno: Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Amazonas, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Roraima. São candidatos como João Doria (PSDB-SP) e Wilson Witzel (PSC-RJ), representantes de alguns dos maiores colégios eleitorais do país. Além disso, Romeu Zema (Novo-MG) já indicou que não vota no PT e que tem ideias similares a Bolsonaro, embora ainda vá definir com o partido seu apoio. No Rio Grande do Sul, Ivo Sartori (MDB) e Eduardo Leite (PSDB) já declararam que apoiarão o candidato.
Outros seis estados tiveram potenciais apoiadores a Bolsonaro, mas que não lhe garantiriam um palanque forte no segundo turno. Por exemplo, na Bahia, Zé Ronaldo (DEM) declarou estar ao lado do presidenciável, mas foi derrotado no primeiro turno pelo PT. O mesmo ocorreu com Armando Monteiro (PTB), que acenara que não apoiaria o PT no segundo turno, mas perdeu de Paulo Câmara já na eleição de domingo.
Além disso, há dez estados onde até agora nenhum dos candidatos fortes ou eleitos acenou apoiar a campanha de Bolsonaro. Desses, sete são do Nordeste: Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe e Alagoas. Nesses estados, o PT e aliados como de partidos de esquerda dominaram as eleições e, portanto, deixam palanques fracos ou nenhum para Bolsonaro.
Assim, o presidenciável vai ter que repetir a campanha sem apoios de políticos fortes para tentar melhorar sua votação no Nordeste. Nesta segunda-feira, ele acenou para a região com uma mensagem no Twitter: "Obrigado Nordeste. Vamos resgatar o Brasil", afirmou. E postou dados que exaltam o seu desempenho na região. No domingo, em live, afirmou: "O que quero para o Nordeste é que uma região atrás do seu povo, humilde, conservador e trabalhador, fique livre da mentira, fique livre da coação que sempre existe do PT".
"Se [o médico] me liberar, vou viajar de avião. Viajarei, sim, ao Nordeste, mas não poderei me expor da maneira como vinha me expondo", declarou Bolsonaro em entrevista ao SBT exibida na noite de segunda-feira.
Em todas as outras regiões, Bolsonaro foi vencedor da eleição, batendo Haddad. Sem palanques fortes no Nordeste, a campanha do presidenciável do PSL deve novamente apostar na sua estratégia direta de atingir o eleitor, que teve sucesso no primeiro turno.
Nesta segunda-feira (8), o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidenciável, explicou como se dará a campanha no segundo turno. "A estratégia é fortalecer cada liderança nossa no seu estado. O Jair usando o seu forte, que é as redes sociais", disse ele, acrescentando que os médicos vão dizer se o candidato poderá ir para a rua. E lembrou que o candidato passará a ter metade do tempo de TV para se comunicar com o Nordeste.
Além de candidatos a governadores, Jair Bolsonaro afirmou no domingo que tinha apoio de 350 deputados federais. Na eleição, seu partido PSL ganhou 51 cadeiras na Câmara Federal, segunda maior bancada depois do PT. Além disso, há as bancadas evangélicas e agropecuária, que terão nova configuração com a eleição já que houve renovação de 56% do Congresso.
"Então cada um dos deputados estaduais, federais eleitos, todos os governadores que daqui pra frente vão disputar o segundo turno, que de alguma forma tem uma ligação conosco, têm a plena consciência da responsabilidade que é essa votação expressiva e esse recado que o brasileiro deu, quase 50 milhões votos no Bolsonaro, para sinalizar qual o rumo que eles querem para o Brasil", completou Flávio Bolsonaro.
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