Haddad propõe mais tempo na escola e diz que Bolsonaro quer Estado ausente

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

  • RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

    Haddad durante entrevista coletiva em hotel de São Paulo nesta segunda

    Haddad durante entrevista coletiva em hotel de São Paulo nesta segunda

O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, afirmou que seu adversário, Jair Bolsonaro (PSL), "está propondo um Estado ausente". "Toda a filosofia do meu adversário é tirar o Estado de suas obrigações básicas, na saúde, na educação e na segurança", disse em encontro com a imprensa nesta segunda-feira (15) em um hotel na capital paulista.

No Dia do Professor, Haddad criticou especialmente a proposta de Bolsonaro para incentivar a educação a distância no ensino fundamental, o que seria um exemplo do "Estado ausente" do oponente. Em seu programa, o candidato do PSL diz que ela deve ser "considerada como alternativa para as áreas rurais onde as grandes distâncias dificultam ou impedem aulas presenciais".

Para Haddad, "isso criaria um problema muito sério, que é a não convivência das crianças". "A ideia de usar o ensino a distância no fundamental é a destruição da escola pública". O petista propõe ampliar a presença das crianças do ensino fundamental nas escolas, de cinco para sete horas diárias. Veja a proposta dos dois candidatos para a área de educação.

Haddad também diz que o adversário, com essa proposta, está sendo "coerente" com suas ideias. Ele aponta, por exemplo, que Bolsonaro quer "armar a população para que ela própria se defenda".

Haddad voltou a falar em um "risco Bolsonaro" para o país e indica que busca ampliar sua base de apoio, sintetizada em uma "frente democrática". "Democratas estão todos contra a candidatura do Bolsonaro. Mesmo quem não sinaliza apoio à minha candidatura está contra a dele."

O petista acredita que há quem não queira explicitar apoio para evitar críticas ou até ser alvo de violência. "As pessoas estão com medo de se manifestar. Os poucos que se manifestam sofrem constrangimento imediato", afirmando que seus apoiadores sofrem ameaças pessoalmente e nas redes sociais. "Se agora já é assim, fico imaginando depois como vai ser", critica.

De acordo com a última pesquisa do Datafolha, Bolsonaro tem 58% dos votos válidos enquanto Haddad, 42%.

Haddad diz que vai "trabalhar até o último segundo para evitar que o Brasil caia numa aventura que vai trazer consequência danosas para o país, não sei se irrecuperáveis". Para reforçar o discurso de união em torno de forças democráticas, o petista se pronunciou à frente de uma bandeira brasileira.

Haddad diz que pedirá reforço do PDT

O candidato aponta que pretende "alargar o quanto puder" a frente democrática contra Bolsonaro. Para isso, ele pedirá reforço do apoio do PDT por meio do presidente do partido, Carlos Lupi, que se reúne nesta segunda-feira com a líder do PT, a senadora Gleisi Hoffmann.

Haddad também conta que vai ligar para o presidente do PDT para agradecer e pedir mais empenho. "Porque se o Bolsonaro ganhar, os trabalhadores vão perder mais direitos. E o Lupi é trabalhista. E sabe o que está em risco numa eventual eleição do Bolsonaro."

O PDT é o partido do presidenciável Ciro Gomes, que rejeita a candidatura de Bolsonaro, mas não demonstrou apoio claro à de Haddad. Segundo o petista, o irmão dele, o senador eleito Cid Gomes (PDT-CE), está em contato com sua campanha. Não há previsão sobre um posicionamento formal de Ciro a favor de Haddad.

Após o encontro com jornalistas, Haddad concedeu entrevista por telefone à Rádio Capital, de São Paulo, e sinalizou querer contar com apoio do PSDB, mesmo que o partido não venha a integrar um eventual governo seu.

Ele voltou a citar as declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) ao jornal "O Estado de S. Paulo", em que foi indicada a possibilidade de diálogo entre tucanos e petistas. "Abriu uma porta de diálogo que eu acho muito importante, independentemente de governo. O PSDB pode ficar na oposição ao governo, não tem problema nenhum", disse. "Mas nós temos todos que evitar o pior."

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