Bolsonaro cita Bíblia, Constituição, ataca esquerda e pede união pelo país

Gustavo Maia e Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

Em sua primeira fala após ser eleito presidente do Brasil neste domingo (28), durante uma transmissão ao vivo em seu perfil no Facebook, Jair Bolsonaro (PSL) citou a Bíblia e a Constituição e manteve ataques contra a esquerda e a imprensa. Depois, em uma transmissão para emissoras de televisão, o capitão reformado do Exército adotou um tom mais ameno e de união.

Ao optar por falar primeiro para seu eleitorado via Facebook, Bolsonaro manteve sua estratégia de campanha de priorizar as redes sociais. Pouco minutos depois, ao falar para as emissoras de televisão, leu um discurso de cerca de dez minutos e respondeu apenas duas perguntas feitas por um repórter de TV Globo.

Em uma segunda transmissão feita pelas redes sociais, Bolsonaro disse que recebeu uma ligação do presidente norte-americano Donald Trump.

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"Fizemos uma campanha não diferente dos outros, mas como deveria ser feita. Afinal de contas, a nossa bandeira, o nosso slogan, fui buscar naquilo que muitos chamam de caixa de ferramenta para consertar o homem e a mulher, que é a Bíblia sagrada", disse em transmissão ao vivo no Facebook ao lado da mulher, Michelle de Paula Firmo Reinaldo, e de uma tradutora de libras.

Em sua fala, Bolsonaro atacou a esquerda: "Não poderíamos mais continuar flertando com o socialismo, com o comunismo e com o populismo, e com o extremismo da esquerda."

No Facebook, Bolsonaro cita Bíblia, Constituição e ataca esquerda

Ao citar as dificuldades ao longo da campanha, Bolsonaro voltou a criticar a imprensa. "Alguém sem um grande partido, sem fundo partidário, com grande parte da grande mídia o tempo todo criticando, colocando-me muitas vezes próximo a uma situação vexatória", disse.

"Todos compromissos assumidos serão cumpridos, nas mais variadas bancadas, com o povo em cada local do Brasil que estive presente, e fazendo um pequeno aparte", afirmou.

No final da transmissão no Facebook, Bolsonaro adotou um tom militar. "Missão não se escolhe nem se discute, se cumpre. Nós, juntos, cumpriremos a nossa missão de resgatar o Brasil."

Os apoiadores de Bolsonaro, que festejavam em frente ao condomínio onde ele mora, localizado na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, acompanharam o pronunciamento que foi exibido em um telão posicionado na calçada. Além disso, um trio elétrico estacionou em frente à entrada da propriedade e tocou músicas com letras de apoio ao pesselista.

Para as TVs, um discurso mais ameno

Para as emissoras de televisão, Bolsonaro adotou um discurso mais ameno e apaziguador. Na mensagem, o presidente eleito garantiu que o seu governo respeitará à Constituição e disse que liberdade é um princípio fundamental. O discurso da vitória foi lido na porta da casa dele.

Durante o pronunciamento, assim como na apuração, Bolsonaro esteve cercado de familiares e aliados de primeira ordem, como o advogado e presidente em exercício do PSL, Gustavo Bebianno, o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), já anunciado como futuro ministro da Casa Civil, o senador Magno Malta (PR-ES), e o general da reserva do Exército, Augusto Heleno.

O discurso lido por Bolsonaro foi feito a muitas mãos, segundo Bebianno, entre elas as do deputado federal Onyx Lorenzoni, já anunciado como futuro ministro da Casa Civil. Ele contou que o texto foi escrito "de ontem para hoje".

Bolsonaro também estava ao lado da mulher e dos deputados federais eleitos Hélio Fernando Barbosa Lopes (PSL-RJ) e Alexandre Frota (PSL-SP).

Análises

O senador Magno Malta abriu o pronunciamento com uma oração, agradecendo a Deus que "não permitiu que a morte o tragasse no momento de expectativa e sonho do povo brasileiro", em referência ao ataque sofrido por Bolsonaro no início de setembro.

"Faço de vocês as minhas testemunhas, o de que esse governo será um defensor da Constituição, da Democracia e da Liberdade. Isso é uma promessa, não de um partido, mas um juramento de um homem a Deus. A verdade vai transformar esse país e a liberdade vai nos transformar em uma grande Nação", afirmou Bolsonaro.

VEJA O DISCURSO DE BOLSONARO PARA AS TVS

"A liberdade é um princípio fundamental da Constituição: liberdade de ir e vir, andar nas ruas; liberdade de empreender; liberdade política; liberdade de ter opinião; liberdade religiosa; liberdade de fazer escolhas e ser respeitado por elas. Esse é um país de todos nós, brasileiros natos ou de coração. Um Brasil de diversas opiniões, cores e orientações", completou ele, fazendo referências a vários grupos.

Após enfrentar uma campanha polarizada, Bolsonaro adotou o tom de união e disse que "todos somos apenas um país".

"Não existem brasileiros do Sul ou do Norte. Somos todos um só país. Somos todos uma só nação. Uma nação democrática", reforçou.

Ainda durante o discurso, Bolsonaro priorizou a fala sobre "emprego e equilíbrio fiscal" em seu novo governo, e disse que o déficit público primário precisa ser eliminado o mais rápido possível.

"Emprego, renda e equilíbrio fiscal é o nosso compromisso para ficarmos mais próximos de oportunidades e trabalho para todos. Quebraremos o ciclo vicioso do crescimento da dívida, substituindo-o pelo círculo virtuoso de menores déficits, dívidas decrescentes e juros mais baixos. Isso estimulará os investimentos, o crescimento e a consequente geração de empregos. O deficit público primário precisa ser eliminado o mais rápido possível e convertido em superávit", afirmou.

No momento da sua fala, policiais federais que fazem sua segurança estavam entre os mais próximos do presidente eleito, mesmo dentro de casa. Informalmente, eles se definem como "sombras" do deputado federal.

Bolsonaro comemora a vitória com familiares

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