PT combaterá reforma da Previdência, e Haddad terá papel maior, diz Gleisi

Bernardo Barbosa e Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), disse nesta terça-feira (30) em São Paulo que o candidato derrotado à Presidência, Fernando Haddad, terá um "papel maior" que o partido na articulação de uma "frente de resistência" de defesa "da democracia e de direitos". A atuação para barrar a aprovação de uma Reforma da Previdência ainda neste ano está entre as prioridades, afirmou a senadora.

"Ele sai depositário da esperança e da luta do povo pela democracia", disse Gleisi. "O PT dará todas as condições para que Fernando Haddad possa exercer esse papel de articulador, junto com outras lideranças sociais e outras lideranças de partidos políticos, para consolidar essa frente de resistência."

A presidente do PT disse que Haddad é hoje, "depois de Lula, uma grande liderança" do partido. De acordo com ela, o fato de o ex-prefeito de São Paulo não ter um cargo no partido não o impede de participar das decisões da legenda -- ele participou nesta terça da reunião da direção do PT.

Segundo Gleisi, a defesa da liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se insere na "frente de resistência", mas não impede a formação da mesma. "Ninguém é obrigado a apoiar todas as causas que nós apoiamos", disse. "Nós não deixaremos nunca de colocar a bandeira 'Lula livre'."

Gleisi também afirmou que há uma "aliança perniciosa" entre o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) e o governo de Michel Temer (MDB) para a aprovação de medidas como uma Reforma da Previdência.

"Uma das grandes tarefas que nós temos esta semana é resistir e enfrentar a reforma da Previdência", disse. "Ela não foi debatida pela população, nem por Temer, nem por Bolsonaro." Segundo a presidente do PT, "não há legitimidade, nem dele, nem de Michel Temer para aprovar uma reforma desta envergadura."

Haddad visitará Lula na próxima semana

Haddad deixou o diretório nacional do PT por volta das 12h, antes do fim da reunião. Ele deve aproveitar os próximos dias para descansar com sua mulher, Ana Estela. Uma visita a Lula deve acontecer na semana que vem. O último encontro entre os dois foi em 8 de outubro, um dia após o primeiro turno.

Segundo petistas que participaram da reunião, o objetivo do encontro foi sugerir um maior protagonismo de Haddad tanto no partido quanto no país. Em função de ter assumido a candidatura que seria de Lula, o ex-prefeito paulistano ganhou simpatia de alas do PT que não o viam como um petista. Em função da campanha, Haddad teria passado a "viver" o partido, conforme membros da Executiva ouvidos pela reportagem.

Para o deputado federal reeleito José Guimarães, membro da Executiva do partido, Haddad sai da eleição como uma liderança nacional e que, agora, o PT precisa "corrigir o que precisa ser corrigido" e olhar para o futuro. "Diferentemente do que alguns pensam, ninguém lidera a oposição sem o PT".

Sobre a esquerda ainda estar dividida para conseguir uma frente de oposição, Guimarães pede "calma e paciência". "Na hora certa, se juntam. Agora, ninguém pode é ficar levando atrevimento para casa. Ainda mais um partido como o nosso, que elegeu um monte de deputados federais, o maior número de governadores. Ainda ficam dizendo que o PT... O PT sai grande da eleição", disse. "O PT não vai pedir desculpa a ninguém por ter ido ao segundo turno."

Segundo o jornal "Folha de S. Paulo", Haddad chegou a chorar durante a reunião com a direção do partido ao falar de sua família e dos ataques que sofreu via WhatsApp. O candidato também pediu desculpas por possíveis erros na campanha e disse que queria ganhar a eleição pelo legado petista, pelo discurso de Bolsonaro e por injustiças cometidas contra Lula.

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