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Grupo protocola pedido de impeachment contra o governador de Goiás

Marconi Perillo vai comparecer amanhã à CPI do Cachoeira, no Congresso Nacional - Alan Marques/Folhapress
Marconi Perillo vai comparecer amanhã à CPI do Cachoeira, no Congresso Nacional Imagem: Alan Marques/Folhapress

Rafhael Borges

Do UOL, em Goiânia

11/06/2012 20h15

Um grupo que tem se mobilizado com o nome “Fora Marconi” protocolou na tarde desta segunda-feira (11), na Assembleia Legislativa de Goiás, um pedido de impeachment contra o governador do Estado, Marconi Perillo (PSDB). A iniciativa, inédita no Estado, surgiu depois de várias manifestações públicas com a adesão de um grande número de simpatizantes.

O documento foi apresentado um dia antes de Perillo prestar esclarecimentos na CPI mista (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do Cachoeira, no Congresso Nacional. O texto diz que “considerando as diversas irregularidades e denúncias requerer que a Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, no uso de suas atribuições constitucionais, abra processo legislativo de impeachment contra o governador de Goiás, Marconi Ferreira Perillo Júnior, por crime de responsabilidade”.

A principal ferramenta de união no “Fora Marconi”, movimento iniciado no começo de abril deste ano, tem sido as redes sociais. A comunidade no Facebook, por exemplo, conta com quase 5.000 pessoas. Mas eles já foram às ruas cinco vezes, sendo quatro em Goiânia e uma em Itumbiara (a 200 km de Goiânia). A organização estima que forma cerca de 20 mil participantes nas duas cidades.

Aymê Sousa, uma das coordenadoras do movimento e que assinou o documento entregue à presidência da casa, conta que o descontentamento não é só pelas denúncias de envolvimento de Perillo com Cachoeira, mas de muitas promessas de campanha que não foram cumpridas. “O movimento começou na internet, depois se juntou à greve dos professores, funcionários públicos, e externa a insatisfação com as atitudes do governador Marconi Perillo e também a falta de ações por parte do governo estadual”.

Envolvimento Perillo-Cachoeira

Nesta terça-feira (12), em Brasília, o chefe do executivo goiano tenta explicar as relações com Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira e o esquema de jogos ilegais e favorecimento de empreiteiras, como a Delta Construções, além da infiltração em governos como o de Goiás com nomeações e outros favores.

O governador vai tentar esclarecer diversos pontos da ligação com o bicheiro e outros membros do esquema, mas principalmente duas acusações: a venda de uma casa em um condomínio de luxo em Goiânia, e o pagamento a um jornalista, que teria sido feito diretamente pelo esquema criminoso.

O jornalista Luiz Carlos Bordoni, responsável pela propaganda eleitoral de Marconi Perillo (PSDB) no rádio em 2010, confirma que recebeu parte do pagamento da empresa Alberto e Pantoja, apontada como sendo uma das que estariam ligadas ao esquema de Cachoeira e diz também ter recebido R$ 40 mil das mãos do próprio Perillo, em dinheiro.

A situação de Perillo em relação à venda da casa se complicou depois do depoimento do empresário Walter Paulo à CPI. Ele disse que em julho do ano passado pagou com notas de R$ 50 e R$ 100 o valor de R$ 1,4 milhão. Perillo tinha afirmado que recebeu três cheques de um sobrinho de Cachoeira pelo pagamento da residência. A suspeita é de que o real valor da casa era de R$ 2,8 milhões, que não teriam sido declarados integralmente à Receita Federal, e que o empresário atuava como intermediário.