Exame aponta que Roberto Jefferson não tem câncer; tumor no pâncreas é benigno, diz PTB
Os exames feitos pelo ex-deputado e presidente do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), Roberto Jefferson, nesta sexta-feira (20), indicaram que o tumor encontrado na cabeça do pâncreas não é maligno. A informação foi confirmada pela assessoria do ex-parlamentar, que é réu no processo do mensalão.
Jefferson foi submetido nesta manhã a exames pré-operatórios, já que os médicos agendaram uma cirurgia para retirada do tumor no dia 28 de julho. A intervenção foi confirmada para o Hospital Bom Samaritano, na zona sul do Rio.
O presidente do PTB sentiu que "algo estava diferente", segundo a sua assessoria, na sexta-feira passada (13), o que o levou a marcar uma consulta. Após passar por uma ressonância magnética, os médicos identificaram o tumor, mas não sabiam se este era maligno ou benigno.
Jefferson é diabético e, há alguns anos, passou por uma cirurgia de redução de estômago. Em função disso, a operação de retirada do tumor deve ser "mais complexa", porém não há grandes riscos prévios.
A reportagem do UOL tentou entrar em contato com os médicos José Ribamar Saboia de Azevedo e Áureo Ludovico, que farão parte da equipe responsável pela cirurgia, porém ambos estão neste momento participando de um congresso na capital fluminense.
De acordo com a equipe do ex-deputado, Jefferson ainda não sabe quando vai se pronunciar publicamente sobre o tumor no pâncreas. Em breve conversa por telefone com um dos seus assessores, o presidente do PTB teria dito que se sente bem e que está confiante no sucesso da recuperação.
Os médicos estimam que há 60% de chances para uma recuperação positiva do ex-deputado. No ano passado, a mãe de Jefferson enfrentou o mesmo tipo de tumor, e obteve sucesso na recuperação.
Críticas à Procuradoria
Roberto Jefferson publicou em seu blog, na manhã desta sexta-feira (20), críticas à Procuradoria-Geral da República acerca de supostos "exageros" no processo sobre o mensalão. O texto foi enviado horas antes de o ex-parlamentar se submeter a exames clínicos que constataram a existência do tumor no pâncreas.
Jefferson cita o posicionamento do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o contrato milionário da empresa de publicidade DNA, que pertence a Marcos Valério de Souza, com o Banco do Brasil --o documento é uma das principais bases da acusação da Procuradoria contra Valério, que irá a julgamento em agosto.
O ex-deputado menciona ainda que a decisão referente ao contrato de R$ 153 milhões --para serviços realizados pela DNA em 2003-- foi tomada a partir de um relatório assinado pela ministra Ana Arraes, e lembra o fato de que ela é mãe do governador de Pernambuco e presidente do PSB (Partido Socialista Brasileiro), Eduardo Campos.
"TCU decidiu que foi regular o contrato entre a empresa DNA, de Marcos Valério, e o Banco do Brasil, nos termos do relatório da ministra Ana Arraes (mãe do governador Eduardo Campos). A importância da decisão não está no TCU, mas no STF, já que, explicam os jornais, este contrato seria uma das bases da acusação da Procuradoria no processo do mensalão. O julgamento nem começou, mas os exageros da Procuradoria já começam a derrubar o processo, mostrando, a princípio, que a acusação meteu os pés pelas mãos e pode ter dificuldade de, assim, ficar em pé", escreveu Jefferson.
"Mas só agora?"
Durante a convenção nacional do PTB que o reconduziu ao posto de presidente do partido, na quarta-feira (18), Roberto Jefferson disse que que Arlindo Chinaglia (PT-SP), então líder do governo na Câmara, ofereceu uma "saída pela porta dos fundos" para que ele não seguisse com a denúncia que abalou o governo petista em 2005. Chinaglia negou as acusações.
Pela proposta supostamente feita ao ex-parlamentar, Jefferson entregaria a presidência do PTB ao então ministro Walfrido dos Mares Guia, hoje no PSB. Depois, seria escalado um "delegado ferrabrás" para tocar o processo e um relatório pelo não indiciamento do petebista.
"Acharam que eu ia me acovardar. Me confundiram com o Valdemar Costa Neto [então deputado pelo PL]. De joelho eu não vivo, eu caio de pé", afirmou Jefferson à agência Estado.
Em função da repercussão de suas declarações --parlamentares de oposição classificaram como "grave" a acusação contra o ex-líder do governo na Câmara--, Jefferson resolveu comentar sobre o assunto em seu blog pessoal, nesta sexta-feira (20), horas antes de ser submetido aos exames médicos.
"Não sei por que fazer confusão sobre o que eu disse sobre o Arlindo Chinaglia ter ido à minha casa, em 2005, propondo que eu me calasse sobre as denúncias do mensalão em troca da manutenção do meu mandato", questionou o ex-deputado, que afirmou ainda que a mesma afirmação foi feita durante a CPI dos Correios.
"Por que só agora o Chinaglia diz que não foi verdade? Ele sabe muito bem que foi assim que tudo aconteceu. Não tenho nada contra ele, mas se incomoda agora, paciência", finalizou.
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