Ronaldo Fonseca, do PR, diz ser o candidato a presidente da Câmara "sem estresse"
Advogado, pastor e presidente da Assembleia de Deus de Taguatinga (DF) e deputado federal eleito no último pleito, Ronaldo Fonseca (PR-DF) será um dos quatro candidatos ao cargo de presidente da Câmara dos Deputados para os próximos dois anos.
Pouco conhecido no cenário político nacional, Fonseca disse que fará uma campanha de baixo custo – apenas ligações, e-mails com pedidos de apoio aos demais colegas de Câmara e reuniões. Ele também usará as redes sociais para auxiliá-lo. Disse que não fará “acordos” e nem entrará no esquema de troca de favores para conquistar o voto dos demais 512 deputados.
A candidatura dele é independente, uma vez que o seu partido, o PR, já anunciou que irá apoiar oficialmente o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Segundo o líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG), “95% dos deputados [da bancada do PR] estavam presentes na reunião e os presentes apoiaram [Alves]. Não podemos faltar com a palavra”, disse.
Fonseca diz que tem não espera apoio declarado, mas conta com o seu “grupo de apoio” na hora da votação, que inclui deputados do PR e integrantes da bancada evangélica, da qual faz parte.
Fonseca aproveitou a entrevista para alfinetar seus concorrentes e diz que está fazendo sua campanha “sem estresse” e tem certeza de que a candidatura dele levará a eleição para o segundo turno. Isso porque só vence em primeiro turno o candidato que conseguir 257 votos ou mais.
Leia abaixo a entrevista de Fonseca ao UOL.
UOL - Por ser deputado de primeiro mandato, não seria cedo para pensar em se candidatar para a presidência da Câmara?
Ronaldo Fonseca - Primeiro, o regimento não diz [nada contra]. O regimento é aberto para qualquer deputado [que queira se candidatar]. Segundo, a Câmara não classifica os deputados de: primeira, segunda, terceira categorias. Terceiro, eu acho mais vantagem a Câmara ter um deputado de primeiro mandato do que um deputado de 11 mandatos ou de três mandatos, como nós temos. Até porque o Parlamento brasileiro, o Legislativo brasileiro, hoje, e a sociedade quer uma reforma. E eu pergunto: não seria mais factível um deputado de primeiro mandato estar mais atento à sociedade que não tem aqueles vícios do Parlamento para poder promover esta reforma?
Ronaldo Fonseca de Souza
Data de nascimento | 4 de abril de 1959 |
Naturalidade | Volta Redonda (RJ) |
Eleito por qual Estado | DF |
Histórico profissional | Advogado |
Filiações | Filiado ao PR desde 2009, com passagens pelo PP (2003-2004) e PSC (2004-2006) |
A reforma seria sobre o quê?
A sociedade está vendo o Parlamento brasileiro hoje na contramão. Você vai ver as pesquisas, por exemplo, elas colocam a Câmara Federal, o Congresso Nacional, embaixo nas pesquisas. Hoje, nós temos um dos Parlamentos mais caros do mundo, talvez perdendo para os Estados Unidos. No entanto, a sociedade acha que deputado não trabalha. Temos que discutir isso com a sociedade. Que Parlamento nós queremos? Ninguém quer fechar o Congresso. Agora, continuar do jeito que está, também não podemos.
Com relação à sua campanha, o que o senhor tem feito?
Primeiro, eu mandei uma carta para os deputados, um e-mail para todos os deputados falando da minha candidatura. Agora, estou fazendo contato por telefone, mandando mensagem SMS e é claro que estou tendo alguns encontros. Mas não estou fazendo como outros candidatos que estão fazendo como viajar, fazer reuniões nos Estados – isso, eu não estou fazendo [referindo-se a Henrique Eduardo Alves].
Quem seria este grupo de apoio? Já que o seu partido – o PR – anunciou oficialmente que não irá apoiá-lo?
O meu partido me autorizou a sair candidato. Não tenho lista de apoio. Não quero declaração de voto. Quero voto na urna. Porque declaração de voto de deputado, muitas vezes, não se traduz em voto na urna. Acordos de partidos também não se traduzem na urna. Não é partido que vai votar, é o deputado que vai votar. O voto é secreto. O eleitor é o deputado, não é o partido político.
Seria algo em torno de 70 votos?
Eu tenho um grupo que me apoia. Sou evangélico, certo? E tem um grupo de evangélicos com 74 deputados evangélicos na Câmara. Eu começo a campanha e a minha candidatura leva esta eleição para o segundo turno. Não tenha dúvida disso: a minha candidatura leva esta eleição para o segundo turno. Tenho voto do meu partido e tenho voto entre os evangélicos, entre os cristãos. O Henrique [Eduardo Alves] está dizendo que tem 360 votos, só que ele está desesperado e está viajando o Brasil todo. Sou o candidato sem estresse.
Qual seria o diferencial do senhor em relação aos demais candidatos?
Olha, eu vejo que, eu tenho, talvez, por estar no primeiro mandato, eu tenho uma independência a mais que eu possa dar ao Legislativo. O diferencial está aí, porque por ser o primeiro mandato, você tem uma esperança a mais.
Em seu site oficial, o senhor destaca quatro projetos como seus principais, mas não há explicação sobre eles. Do que eles tratam?
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Eu tenho um projeto [que trata] da construção de penitenciárias: acima de 50 mil habitantes, a cidade tem que ter a sua penitenciária, para que o preso cumpra na sua cidade, perto da sua família. Ele está em andamento [na Câmara], não me lembro em que comissão ele passou e até o Executivo o tem olhado com bons olhos. A PEC dos Concursados quer é fazer uma mudança radical nessa farra de comissionados no serviço público. Temos que privilegiar o concurso. [No projeto sobre] isenção de custas processuais, eu estou privilegiando o acordo judicial, dizendo que, caso haja um acordo antes de prolatada a sentença, o Estado devolve as custas processuais. A Lei de Responsabilidade Social é um projeto que está andando muito bem na Câmara – que responsabiliza o gestor público que seja incapaz de gastar o dinheiro de um convênio, por exemplo.
O que o senhor pretende fazer em relação aos deputados que podem perder seus mandatos devido ao processo do mensalão?
Hoje, não existe conflito de Poderes nesta decisão. O Supremo cumpriu o papel dele. O Supremo vai oficiar a Mesa da Câmara, e eu como presidente, vou cumprir a Constituição e, se cumprir a Constituição, os casos têm que ir para o plenário. Quem decide é o plenário.
O senhor pretende participar de outros embates como fez nos anos passados com as questões como a defesa dos direitos dos homossexuais?
Eu pretendo como presidente da Câmara colocar em debate e votação. O Congresso é lugar de debate. Não serei um presidente ‘engavetador’. Não podemos correr do debate. A sociedade é que faz a pressão na Câmara e nós temos que colocar em debate. Nós queremos o casamento gay? Vamos para o debate. Quem ganhar, leva. A ação popular, depois do voto do Supremo, [favorável à união estável entre homossexuais], eu perdi.
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