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Cabral admite erros e estuda deixar o governo antes de terminar mandato

Do UOL, no Rio

01/08/2013 13h39

Em entrevista à Rádio CBN na manhã desta quinta-feira (1º), o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB),  admitiu erros de diálogo durante a onda de protestos no Estado e afirmou que discutir deixar o governo antes do término do mandato é uma possibilidade entre os governadores em segundo mandato.

A entrevista de Cabral foi dada um dia após o presidente regional do partido no Rio, Jorge Picciani, afirmar ao jornal "O Dia" que ele deixaria o governo em abril para dar lugar ao vice, Luiz Fernando Pezão (PMDB), e para permitir a candidatura do filho, Marco Antônio, a deputado federal.

"Os governadores em segundo mandato, e não é só o meu caso, certamente nesse momento estão discutindo com seus partidos o que farão em 2014. Se permanecem até o final do mandato ou se se desincompatibilizam", declarou Cabral. "Estamos avaliando. São várias hipóteses", disse.

Sobre as afirmações de Picciani, o govenador disse que ele "tem, até por obrigação de dirigente partidário, que discutir a política e o futuro do partido". Ao falar sobre deixar o cargo antes do fim do mandato, ele lembrou que há precedentes no Rio e em Minas Gerais, por exemplo.

"Em 2010, o então governador Aécio Neves deixou o mandato para disputar o Senado Federal. Aqui no Rio de Janeiro, já houve governadores que deixaram o mandato para disputar a Presidência da República. Isso faz parte do processo democrático brasileiro", disse. Sobre o atual momento de avaliação, Cabral citou os governadores Eduardo Campos (PSB), de Pernambuco, "que tem até a possibilidade de disputar a Presidência da República", Jaques Wagner (PT), da Bahia, e Cid Gomes (PSB), do Ceará.

"Eu também cometi erros"

Questionado sobre as razões que o levaram da reeleição com votação recorde para o atual momento de crise, o governador reiterou que as manifestações desgastaram a imagem de todos os governantes, mas admitiu ter cometido erros.
 

"As instituições ficaram muito prejudicadas e questionadas, mas, sem dúvidas, aqui no Rio, eu também cometi erros. Erros de incapacidade de dialogar, que sempre foi minha marca. Eu acho que da minha parte faltou mais diálogo, mais capacidade de entendimento, de compreensão", afirmou. "Mas eu não sou uma pessoa soberba, que não está aberta ao diálogo. Ao contrário. Sempre fui uma pessoa determinada ao diálogo", afirmou.

 

Durante a entrevista, Cabral também falou sobre sua queda de popularidade, apontada em pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) em parceria com o instituto Ibope, divulgada na semana passada, que colocou o seu governo como mais mal avaliado do país. Na ocasião, a assessoria do Governo do Estado informou ao UOL que ele não se pronunciaria sobre o resultado da pesquisa.

 

Protesto continua na frente da casa de Cabral

 

"A partir dos acontecimentos do mês de junho houve uma queda de popularidade de praticamente todos os governantes do Brasil. Eu não fui exceção. Aqui no Rio de Janeiro, a queda, pelo que parece a pesquisa, foi mais acentuada. Eu sempre respeitei pesquisas de avaliações com muita humildade, tanto quando estive em boas posições, quanto quando estive em situações adversas", afirmou o governador.

 

Apesar do momento difícil para o governo, o peemedebista garantiu que a candidatura do atual vice-governador, mais conhecido como Pezão, para 2014, está mantida. "Nós vamos lançar o Pezão candidato a governador. Ele é um quadro extraordinário. Uma pessoa de uma experiência administrativa, política, de uma sensibilidade social e de uma capacidade política muito grande", disse Cabral.

 

Desde a segunda semana de julho, os ativistas cobram do governo informações sobre o pedreiro Amarildo de Souza, que desapareceu após ser levado por policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha. Outro escândalo envolvendo o governador recentemente foi o uso do helicóptero do governo do Rio para fins particulares.

 

Na terça-feira (30), Cabral foi vaiado, junto com o prefeito Eduardo Paes (PMDB), quando deixava o local onde uma adutora estourou provocando a morte de uma criança de três anos e a destruição de casas em Campo Grande, zona oeste do Rio.

 

Cabral é o governador pior avaliado do país, segundo pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) em parceria com o instituto Ibope divulgada no dia 25. Apenas 12% da população considera a sua gestão ótima ou boa. A maneira dele de governar é aprovada por 29% dos eleitores, abaixo da média nacional, que é de 42%. Ele inspira confiança em 25% dos eleitores. 

 

Segundo reportagem do jornal "Folha de S.Paulo", Cabral (PMDB) ainda tenta reencontrar o caminho que o levou a ser reeleito, em 2010, com o maior percentual de votos entre os governadores.