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Se extradição de Pizzolato for negada, Brasil pode pedir julgamento na Itália

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

05/06/2014 13h04Atualizada em 05/06/2014 14h27

Se a Itália decidir não extraditar o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no julgamento do mensalão, o governo brasileiro não descarta pedir que ele seja julgado pela Justiça italiana pelos crimes praticados no Brasil, informou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, nesta quinta-feira (5).

Hoje, a Corte de Apelação de Bolonha julga o pedido de extradição de Pizzolato. Conseguir um novo julgamento, só que na Itália, é justamente o que o ex-diretor queria ao anunciar a sua fuga para a Europa, no ano passado.

“Caso não seja concedida a extradição, uma das possibilidades estudadas por nós e pela Procuradoria Geral da República e que está prevista no acordo [entre os dois países] é que a pessoa responda pelos crimes que praticou em julgamento no seu país [de origem]. Ou seja, ou se extradita ou uma das possibilidades é que se peça que ele seja julgado, para que não permaneça impune”, disse Cardozo.

O ministro observou, porém, que se trata de uma hipótese, pois o Brasil está otimista em relação à extradição.

“A expectativa é de conseguirmos a extradição. Nós pedimos a extradição e estamos advogando a tese pela extradição. Oferecemos as garantias que nos foram solicitadas pelo governo italiano para que eles possam fazer um julgamento que evidentemente será respeitado por nós”, afirmou.

“O Estado italiano julgará dentro das suas regras e de acordo com a sua soberania e obviamente a decisão será sempre respeitada por nós.”

Condenado a 12 anos e 7 meses de prisão por corrupção, peculato e lavagem de dinheiro, Pizzolato foi preso em fevereiro em Modena, no norte da Itália.

Em uma carta divulgada à imprensa logo após os seus recursos finais serem negados pelo STF, Pizzolato, que tem dupla cidadania (além da brasileira, possui a italiana), disse que fugiu para a Europa por considerar que o julgamento na Justiça brasileira teve motivações "político-eleitorais". 

"Por não vislumbrar a mínima chance de ter julgamento afastado de motivações político-eleitorais, com nítido caráter de exceção, decidi consciente e voluntariamente fazer valer meu legítimo direito de liberdade para ter um novo julgamento, na Itália, em um tribunal que não se submete às imposições da mídia empresarial, como está consagrado no tratado de extradição Brasil e Itália", escreveu Pizzolato na carta.