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Oposição acusa governo de "treinar" ex-diretor que depôs na CPI da Petrobras

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

06/08/2014 17h59

Em um depoimento morno na CPI mista da Petrobras nesta quarta-feira (6), o ex-diretor da área internacional da estatal Jorge Luiz Zelada foi acusado pela oposição de ter sido “treinado” pelo governo para dar respostas que não comprometessem o Planalto.

O deputado federal Izalci (PSDB-DF) chegou a perguntar se ele havia recebido uma “colinha” e o deputado Rubens Bueno (PPS-PR) comparou a situação com a estratégia usada pela máfia italiana. “Há um certo pacto [do silêncio]. Na Cosanostra, funcionava muito bem, conseguiam resultados para calar mesmo”, disse.

O líder do Solidariedade na Câmara, deputado Fernando Francischini (PR), afirmou que os depoentes passavam por um “media training da corrupção”.
Por conta das denúncias de fraude na CPI da Petrobras exclusiva do Senado, de que a presidente Graça Foster e ex-diretores receberam antecipadamente as perguntas e foram instruídos sobre o “gabarito”, parlamentares oposicionistas querem que Foster e o seu antecessor na presidência da estatal, Sérgio Gabrielli, que já depuseram na comissão mista, sejam reconvocados.

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), rebateu as críticas e saiu em defesa do Planalto. “Não houve nenhuma irregularidade naquela CPI. O que acontece é o que acontece em qualquer CPI: o governo apresentando o seu ponto de vista, as assessorias naturalmente se interrelacionam, não houve vazamento de documento sigiloso, não houve isso de pergunta e resposta, como se fosse gabarito. É uma grande bobagem.”

Segundo ele, estão tentando transformar o episódio em “escândalo político” para atingir o governo e a presidente Dilma Rousseff.

No seu depoimento de cerca de três horas, Zelada repetiu o que já havia dito à CPI do Senado em maio sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA.

Para Zelada, as polêmicas cláusulas "Marlim" e "Put Option" "não eram centrais” para a definição da aquisição da segunda metade da unidade, que teria causado um prejuízo milionário aos cofres públicos.

Essas cláusulas não constavam do resumo apresentado pelo seu antecessor, Nestor Cerveró, ao conselho de administração da Petrobras. A presidente Dilma, que à época presidia o conselho, se defendeu no início deste ano dizendo que aprovou a compra com base em um "resumo falho". Zelada assumiu a diretoria internacional da Petrobras em 2008, na vaga de Cerveró.