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"Não vai ter achaque", diz Delgado sobre relação com governo se for eleito

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

24/01/2015 06h00

O candidato à presidência da Câmara dos Deputados Júlio Delgado (PSB-MG) aposta suas fichas no voto secreto para a disputa no início de fevereiro. Em entrevista exclusiva ao UOL, Delgado afirmou que, se for eleito, não aceitará “achaques” na sua relação com o governo federal. “O Executivo sabe que conosco a relação será republicana a ponto de, pela independência que o meu partido determinou, que não vai ter achaque”, afirmou.

Júlio Delgado disputa o cargo contra o líder do PMDB, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Chico Alencar (PSOL-RJ). É a segunda vez que o mineiro disputa o cargo. Na primeira, em 2013, foi derrotado pelo deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que se despede da presidência em fevereiro.

Desta vez, Delgado acredita que o apoio de partidos aliados possa mudar o destino das eleições. “Em 2013, nem o meu partido, o PSB, tinha sido ostensivo na minha candidatura no mês de dezembro, no mês de janeiro. O que está acontecendo agora? Agora eu tenho musculatura suficiente e apoio partidário para nos dar essa sustentação”, afirmou, referindo-se ao apoio do próprio PSB, do PSDB, PPS e PV.

Questionado sobre seus “trunfos” para chegar à presidência desta vez, Delgado disse que o voto secreto para a disputa é uma de suas armas.

“Qual foi a única coisa que ficou no voto secreto? Voto pra escolha da presidência da mesa. Aí o pessoal  (fala): ‘Ah...é voto da traição’. Não (...) esse é o voto verdadeiro (...) o voto secreto permite que todos os concorrentes estejam buscando votos em todos os partidos para que, verdadeiramente, o deputado possa, de coração, com a consciência tranquila, livre, escolher aquele que vai representar o poder”, disse.

Outra “arma” que Delgado admite estar usando para angariar mais votos é evitar a polarização entre Arlindo Chinaglia e Eduardo Cunha. Na última quinta-feira (22), em entrevista concedida ao UOL, Cunha classificou a gestão de Chinaglia na presidência da Câmara (2007 a 2009) como “medíocre”.

“Eu não entro na polarização e nem nas briga que eles fazem entre as posições ou a forma de fazer campanha ou denúncia (...) Não quero discutir o que eles estão digladiando ou quais acusações estão fazendo um pro outro, até porque eu os respeito (...) No momento em que verificarem que a nossa candidatura está se viabilizando, também virá pra cima de nós, mas eu estou preparado”, afirmou.

Questionado sobre uma eventual nova CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar desvios de recursos na Petrobras (como os investigados pela operação Lava Jato), Delgado afirmou que, se eleito presidente da Câmara, vai apoiar a criação de uma nova comissão.

“Se tiver recolhimento de assinaturas e a apuração pra isso, não só assinarei como, se pedida, nós implantaremos e vamos criar a CPMI, ou CPI para dar continuidade das investigações”, afirmou.