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Governador de MG cita avô de Aécio e pede "moderação aos poderes"

Pimentel entregou  Grande Colar da Medalha da Inconfidência a Lewandowski - Manoel Marques/Imprensa MG
Pimentel entregou Grande Colar da Medalha da Inconfidência a Lewandowski Imagem: Manoel Marques/Imprensa MG

Carlos Eduardo Cherem

Do UOL, em Belo Horizonte

21/04/2015 13h42

O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT) citou o ex-presidente Tancredo Neves, avó do senador Aécio Neves (PSDB-MG), para pedir “equilíbrio e moderação”, durante a solenidade de entrega da Medalha da Inconfidência, em Ouro Preto (97 km de Belo Horizonte), nesta terça-feira (21).

“Que o equilíbrio e a moderação presidam sempre os poderes da nossa nação. Esse é o desejo de Minas Gerais e de todos os mineiros”, afirmou o petista, que presidiu pela primeira vez a solenidade, após 12 anos de governo do PSDB no Estado.

Nas últimas semanas, Aécio tem se inclinado a aceitar a tese do impeachment da presidente Dilma Rousseff, mantendo posição contrária a tucanos como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador José Serra (PSDB-SP), que classificam a iniciativa como prematura.

“Lembro os nomes da política de Minas como [o ex-governador] Milton Campos e Tancredo Neves para dizer que a política boa se faz com moderação, baseada nas leis, na ordem e na Justiça. Equilíbrio e moderação são virtudes caras aos mineiros”, disse Pimentel. Hoje faz 30 anos que Tancredo morreu sem assumir o cargo.

Orador oficial

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Ricardo Lewandowski, recebeu o Grande Colar da Medalha da Inconfidência.

Personalidades agraciadas com o Grande Colar são tradicionalmente convidadas a ocupar o posto de orador da cerimônia.
No ano passado, foi Aécio Neves e, em 2013, foi o então presidente do STF Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão.

Entretanto, de última hora, o governo estadual informou que este ano o orador da cerimônia seria Pimentel, após ter anunciado durante a semana que o discurso seria feito por Lewandowski.

O governo do Estado esclareceu que havia tido um equívoco na divulgação da programação e a mudança no protocolo foi uma decisão do próprio Pimentel.

Em sua fala, Pimentel classificou o presidente do STF de “fiel a sublime missão da magistratura e possuidor de incomparável senso de Justiça”.

Lewandowski foi voto contrário à decisão do STF na condenação de petistas, entre eles o ex-ministro José Dirceu, envolvidos no mensalão.

Este ano, além de representantes da sociedade civil e do Judiciário, a quase totalidade dos 141 homenageados eram petistas, somente três deputados estaduais de oposição foram agraciados.

Governador é vaiado

Durante seu discurso, Pimentel foi vaiado e chamado de “traidor” por cerca de 120 professores da rede estadual, de acordo com a PM (Polícia Militar).

Segundo os organizadores, foram mil professores protestando. Ainda de acordo com a PM, um público estimado em 2.500 pessoas assistiram à solenidade na praça Tiradentes, a principal de Ouro Preto.

Pimentel disse em seu discurso que respeitava as vozes contrárias, mas não deixou de criticar.

“Que alegria a praça aberta ao povo. As vozes da liberdade, mesmo que usem palavras equivocadas, são bem vidas”, disse.