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Sou um sobrevivente, diz Fachin em sabatina no Senado

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

12/05/2015 11h59Atualizada em 12/05/2015 15h30

O advogado Luiz Edson Fachin, indicado pela presidente Dilma Rousseff (PT) para uma vaga de ministro no STF (Supremo Tribunal Federal), iniciou sua participação na sabatina na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado nesta terça-feira (12) dizendo ser um “sobrevivente". “Sou um sobrevivente. Não me recuso aos desafios”, afirmou.

Fachin falou sobre suas origens humildes ao se apresentar aos senadores presentes à sabatina e chegou a se emocionar. “Não me envergonho, ao contrário, me orgulho de ter vendido laranjas na carroça de meu avô pelas ruas onde morávamos. Me orgulho de ter começado como pacoteiro de uma loja de tecidos. Me orgulho de ter vendido passagens em uma estação rodoviária”, diz.

A sabatina de Fachin começou com mais de uma hora e meia de atraso após desentendimentos entre parlamentares governistas e de oposição sobre a forma como as perguntas ao advogado seriam feitas. O presidente em exercício da CCJ, José Pimentel (PT-CE), havia determinado que as perguntas seriam feitas em bloco, mas a oposição conseguiu reverter a decisão e conseguiu que as perguntas fossem feitas de forma individual.

Fachin vem sendo questionado por suas posições sobre movimentos sociais, poligamia, o apoio político a Dilma Rousseff nas eleições de 2010 e o suposto exercício irregular da advocacia enquanto era procurador do Estado do Paraná. Em sua fala inicial, ele respondeu indiretamente às críticas. "Sobrevivi fazendo crítica e autocrítica. Aqui me encontro, firme em minhas convicções democráticas. Expresso de saída meu compromisso garantista nos termos da Constituição com os valores da família, os direitos fundamentais, a segurança, a propriedade", declarou.

O advogado também admitiu ter posições consideradas polêmicas. "Trago em minha biografia teses e visões de mundo controvertidas", disse. "Reiterando, aqui vos fala um sobrevivente. Um homem simples, um professor que advoga soluções pacíficas (...) Não fugi, como acadêmico e professor, de controvérsias e nem de debates polêmicos.”

Ele foi indicado por Dilma para preencher a vaga do ministro Joaquim Barbosa, que se aposentou no ano passado.

Após a sabatina, a indicação do nome do advogado será submetida à deliberação dos 27 senadores que integram a CCJ, em votação secreta. O resultado será então enviado ao plenário, que o ratificará ou não. Ainda não há data para que isso ocorra.

Advogado e professor de direito civil, Luiz Fachin é gaúcho, mas estudou e fez carreira profissional no Paraná, tendo se destacado como jurista e acadêmico com atuação no Brasil e no exterior.