Wálter Maierovitch

Wálter Maierovitch

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Opinião

Condenação de Trump foi justa pois prova do processo não deixou dúvidas

Como se esperava, o ex-presidente Donald Trump foi condenado. As penas, que podem ser privativas de liberdade e multa, serão conhecidas no dia 11 de julho, quando será lida a sentença condenatória.

Por unanimidade os jurados do Tribunal de Nova York reconheceram ser o Trump, o "tycoon" dos republicanos, culpado pela acusação principal e outros 33 ilícitos menores.

Trump, na saída do tribunal, já tinha a resposta pronta. Disse ser o processo uma farsa, com juiz suspeito. Acusou Biden de interessado na condenação e arrematou: "O verdadeiro veredicto será em 5 de novembro", ou seja, no dia da eleição presidencial.

A prova dos autos era plena, e Trump, na verdade, estava metido numa "camisa de força". Não tinha como sair. Para usar uma linguagem avoenga dos tribunais de júri brasileiros, estava metido numa "camisa de sete varas".

Prova pericial identificou, de maneira induvidosa, a fraude contábil na sua holding.

Havia prova provada de que os US$ 130 mil foram repostos ao "laranja", no caso o advogado Michael Cohen.

Coube ao "laranja" Michael Cohen pagar o preço do silêncio da pornostar Stormy Daniels. A perícia comprovou a restituição e por meio de escrituração fraudulenta.

Cohen tornou-se um "fixer" (delator) e Stormy Daniels confirmou o encontro para fim sexual com Trump. Mais, o recebimento do preço do seu silêncio.

Enfim, prova provada: Trump comprou o silêncio da pornostar com o objetivo de que ela não desse com a língua nos dentes e, com isso, prejudicar a sua campanha presidencial de 2016.

Continua após a publicidade

Os jornalistas que levantavam a matéria da noite de amor a pagamento ficaram sem a confirmação da pornostar.

Michael Cohen confirmou ter mentido no Parlamento e aos agentes do FBI para proteger o "chefe".

Quando Cohen percebeu ter sido jogado ao mar por Trump, que negava os crimes, resolveu contar a verdade. Seu testemunho perante o Júri foi convincente.

Além de Trump, o outro grande derrotado foi Rudolf Giuliani, o ex-prefeito de Nova York que ficou famoso com a repressão policial conhecida mundialmente por "tolerância zero ao crime".

Morto politicamente desde que desistiu de concorrer ao Senado contra Hillary Clinton, o advogado Giuliani (ex-procurador de Justiça) esperava uma vitória no Júri para retornar à política.

Trump é o primeiro ex-presidente americano condenado.

Continua após a publicidade

Deverá recorrer e a condenação atual não o impedirá de concorrer às eleições presidenciais.

Caso eleito presidente e uma vez confirmada a condenação em sede recursal, Trump providenciará uma autoanistia. Não há impedimento constitucional para isso.

Os assessores do presidente Biden manifestaram-se de forma discreta e com um lugar-comum: "Ninguém está acima da lei".

A conduta de Trump foi considerada, como se nota das perguntas e das respostas dos jurados, uma fraude ao sistema de financiamento eleitoral (verba de campanha desviou-se para restituição dos 130 mil dólares ao advogado Cohen) e uma ofensa à regra constitucional da "integralidade do voto".

Pano rápido. A condenação foi justa pois a prova do processo era induvidosa quanto à responsabilidade criminal de Trump. Diante de tal quadro, no entanto, há quem sustente o aproveitamento político de Trump. E ele já está a afirmar ter havido condenação política e que o juiz Juan Merchand manobrou o processo e os jurados para resultar em condenação.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

Só para assinantes