Topo

Ao lembrar acusações, Pimentel chora durante discurso em MG

Carlos Eduardo Cherem

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

08/06/2016 22h09

O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), emocionou-se e chorou nesta quarta-feira (8) durante discurso em Poços de Caldas (MG) fazendo referência à sua situação de acusado por ter recebido propinas durante sua gestão à frente do Ministério do Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio Exterior, no primeiro mandato da presidente afastada, Dilma Rousseff.

“Vocês sabem, a vida pública tem mais dissabores que alegrias, nesse momento então, quase que só tem dissabores, aborrecimentos, vicissitudes (...). Ontem à noite, a minha filha mais velha me ligou, chateda e disse: “Pai, você foi militante, preso político, depois se ajustou na política e são tantas coisas, tantas calúnias, maldades, acusações, mas, pai, será que vale a pena?” E eu me lembrei do verso do Fernando Pessoa, de que eu gosto tanto, que diz: 'Tudo vale a pena quando a alma não é pequena'", disse o governador, antes de a voz ficar embargada, chorar e ser aplaudido pelos correligionários. Ouça o áudio.

 

Após o discurso, na inauguração de uma fábrica de laticínios, Pimentel deixou o local sem conversar com a imprensa.

Investigado na operação Acrônimo, Pimentel é suspeito de lavagem de dinheiro em campanhas eleitorais, que envolveram gráficas e agências de comunicação. O petista teria utilizado os serviços de uma gráfica durante a campanha eleitoral de 2014, sem a devida declaração dos valores e de ter recebido “vantagens indevidas” do proprietário dessa gráfica, Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, de acordo com as investigações da PF (Polícia Federal) e da PGR (Procuradoria-Geral da República).

A assessoria do governador não comentou o discurso.

Na terça-feira (7), o advogado do governador Fernando Pimentel (PT), Eugênio Pacelli, afirmou, em nota enviada à "Folha", que as informações da delação do empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto "são absolutamente falsas" e que demonstram "desespero de quem está disposto a alimentar o imaginário acusatório e de prévia condenação que assola o Brasil".

Afirmou ainda que "delações como essas constituem o cardápio principal servido nas prisões nacionais" e que, como consequência, "nos próximos dias sairá mais um para prisão domiciliar com pequeníssima devolução do que subtraiu".

A defesa de Pimentel também tem afirmado que ele jamais cometeu qualquer irregularidade à frente do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.