PF investiga novo presidente dos Correios por falsificar assinaturas
A Polícia Federal investiga o novo presidente dos Correios, Guilherme Campos Júnior, por falsificação de assinaturas. A investigação tramita em segredo de Justiça e apura a falsificação de assinaturas de eleitores para a criação do PSD em 2011. Guilherme Campos Júnior, presidente em exercício do PSD, foi nomeado na última quinta-feira (9) pelo presidente interino, Michel Temer (PMDB). Campos nega participação no caso.
O PSD foi oficialmente criado em 2012 durante um processo liderado pelo então prefeito de São Paulo e atual ministro de Ciência, Tecnologia e Comunicações Gilberto Kassab.
Para que um partido seja criado, entre outros requisitos, é necessário que a nova legenda consiga o apoio de 0,5% do total do eleitorado registrado no Brasil. Esse apoio precisa ser feito por meio de assinaturas que, para terem validade, precisam ser posteriormente verificadas pela Justiça Eleitoral dos Estados de onde elas são provenientes.
Em 2011, o MPE-SP (Ministério Público Eleitoral de São Paulo) abriu um inquérito para apurar as suspeitas de que algumas das assinaturas remetidas pelo PSD à Justiça Eleitoral para embasar o pedido de registro do novo partido eram falsas.
Entre os problemas apontados por promotores estava a suposta utilização de assinaturas de pessoas que haviam morrido anos antes da criação do partido. Principal articulador para a criação do partido, o hoje ministro da Ciência, Tecnologia e Comunicações Gilberto Kassab disse à época que a existência de assinaturas de eleitores mortos na lista de apoio ao PSD era uma "imperfeição".
O inquérito contra Guilherme Campos Júnior tramitou no STF (Supremo Tribunal Federal) entre 2012 e 2015, período no qual ele exerceu o mandato de deputado federal pelo Estado de São Paulo. Nesse período, a PGR (Procuradoria Geral da República) pediu para que Guilherme Campos Júnior prestasse depoimento e solicitou a verificação das assinaturas de 10 eleitores. Os dados coletados pela PGR foram remetidos à Justiça Eleitoral de São Paulo em fevereiro de 2015, depois que Campos Júnior não conseguiu se reeleger nas eleições de 2014 e, consequentemente, perdeu o foro privilegiado.
A reportagem do UOL contatou o MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) na última sexta-feira (10) e foi informada por e-mail de que o inquérito contra o novo presidente dos Correios é conduzido pela Polícia Federal e está sob segredo de Justiça.
Outro lado
Questionado sobre sua eventual participação na falsificação de assinaturas durante o processo de criação do PSD, Guilherme Campos Júnior, por meio de sua assessoria de imprensa, negou as irregularidades. Sobre as investigações, Campos disse estar tranquilo. “(Minha posição é de) tranquilidade e normalidade. (Sou) a favor de toda e qualquer apuração”, afirmou Campos. O novo presidente dos Correios também disse que não se sente constrangido pela investigação que tramita contra ele. “(Não tenho) constrangimento algum pela total isenção”, afirmou Campos Júnior.
A ECT (Empresa de Correios e Telégrafos) é uma das maiores estatais do país. Dados referentes a abril deste ano indicam que a empresa conta com 117 mil empregados em todo o Brasil. Nos últimos anos, a empresa vem enfrentando dificuldades financeiras. Em 2015, os Correios tiveram um prejuízo de R$ 2,1 bilhões. Entre as medidas adotadas pelas diretorias anteriores para reduzir custos estão o fechamento de 685 de suas 700 agências próprias aos sábados.
A nomeação de Guilherme Campos Júnior para a presidência dos Correios contrariou uma declaração dada por Michel Temer três dias antes, quando o presidente interino anunciou que iria paralisar as nomeações para o comando de empresas estatais até que o Congresso Nacional aprovasse projetos de lei que modificam as exigências para a ocupação dos cargos. O governo defendeu a nomeação de Campos Júnior alegando que ela já havia sido acertada antes da suspensão das nomeações.
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