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Não há riscos à Lava Jato, diz federação de delegados sobre novo diretor da PF

18.ago.2017 - Movimentação na PF no Rio durante fase da Lava Jato - FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO
18.ago.2017 - Movimentação na PF no Rio durante fase da Lava Jato Imagem: FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

08/11/2017 18h46Atualizada em 08/11/2017 19h25

A nomeação de Fernando Segóvia como novo diretor-geral da Polícia Federal, em substituição a Leandro Daiello, foi elogiada pelo presidente da Fenadepol (Federação Nacional dos Delegados de Polícia) e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Sandro Avelar. Segundo ele, Segóvia representa um processo de continuidade dentro da corporação e não há riscos de mudanças na condução da operação Lava Jato.

“Eu acho que não deve haver grandes mudanças. Acho que deve haver um processo de continuidade no trabalho que vem sendo feito. Claro, procurando aperfeiçoar o que deve ser aperfeiçoado, mas não espero grandes mudanças. Com certeza não haverá nenhuma tentativa de desprestigiar a Lava Jato. Muito pelo contrário”, afirmou.

Segundo Avelar, a nomeação foi recebida “muito bem”, pois Segóvia é reconhecido como um delegado preparado que já demonstrou ser competente em trabalhos prévios.

“É um delegado experiente, tem muitos serviços prestados à Polícia Federal. Nos setores em que ele atuou foi muito bem, então penso na capacidade dele como delegado, como policial. E ele tem uma característica pessoal que é muito importante que é capacidade de liderar e agregar”, disse.

A Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais) disse ser contra a reserva de cargos de comando da corporação a delegados, no entanto, também elogiou a escolha de Segóvia. Em nota, afirmou que “entre os nomes cotados pelo Executivo, Segóvia é o que demonstrou mais condições de assumir os trabalhos do órgão nos próximos anos”.

O texto ainda lembrou que o novo diretor-geral chegou a ser sondado anteriormente e “conta com a aceitação de todas as entidades de classe que representam servidores da carreira, uma vez que novo diretor-geral já demonstrou interesse em ampliar o debate com os policiais federais”.

A mudança foi anunciada nesta quarta-feira (8) pelo Ministério da Justiça. Daiello estava à frente da PF desde 2011 e sua saída estava sendo negociada desde o início do governo Temer. Daiello assumiu a PF ainda no primeiro mandato do governo da então presidente Dilma Rousseff (PT) e é um dos mais longevos da história da instituição.

Segóvia foi ao Palácio do Planalto acompanhado do ministro da Justiça, Torquato Jardim, para conversar com Temer na tarde desta quarta. A pasta agora está dando andamento à burocracia necessária para oficializar a transferência de cargo. Ainda não há previsão de quando ocorrerá a cerimônia de posse de Segóvia. Um dos maiores defensores de Segóvia para o cargo foi o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, apurou o UOL.

No ano passado, a ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal) realizou uma consulta com cerca de 1,3 mil delegados e formulou uma lista tríplice com candidatos ao cargo de diretor-geral da PF entregue ao presidente Michel Temer. O nome de Segóvia não constou entre os três primeiros colocados.

Em nota, a ADPF desejou sorte e sucesso a Segóvia, mas ressaltou que defende a escolha do novo diretor-geral “sempre por meio de lista tríplice, votada pelos delegados federais integrantes da carreira, assim como vem acontecendo em outras instituições”.

“Ao tempo que manifesta a sua disposição em continuar defendendo um processo de mudança cultural e legislativa na escolha do dirigente máximo da Polícia Federal, inclusive com previsão de mandato, a entidade reafirma a disposição de dialogar e colaborar com o novo diretor-geral na busca do fortalecimento do órgão e aprimoramento dos mecanismos de combate à corrupção”, afirmou a entidade.

Antes de assumir a PF, Segóvia dirigiu o Sistema Nacional de Armas, responsável por controlar armas de fogo em posse da população; comandou a operação Upatakon 3 na reserva indígena Raposa do Sol, em Roraima, que retirou não-índios do local; foi adido da PF na África do Sul e coordenador de administração da corporação em Brasília; e comandou a Superintendência da Polícia Federal no Maranhão entre agosto de 2008 e junho de 2011.