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Renato Casagrande pede coordenação a Bolsonaro para "evitar crise política"

DO UOL, em São Paulo

21/05/2020 11h08

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), pediu um esforço do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para coordenar o enfrentamento à pandemia do novo coronavírus no Brasil. A sugestão foi dada em uma reunião por videoconferência que contou também com a presença também de outros governadores, do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre.

"Tenho sempre colocado a importância da coordenação do governo central. Quero deixar uma sugestão ao presidente que ele possa ter uma coordenação central porque vamos viver um tempo significativo de crise", disse.

Sem citar especificamente a postura de Bolsonaro, Renato Casagrande disse que é preciso evitar atritos que levem o país a uma crise política.

"Sabemos que não é só o atendimento de saúde que salva vidas, é o atendimento de saúde, disciplina nossa, isolamento, distanciamento. Tudo isso ajuda a salvar vidas. O que nós não precisamos de crise política. Já estamos vivendo três crises, não precisamos de crise política", disse.

Renato Casagrande foi um dos três governadores que se manifestaram na reunião comandada por Bolsonaro para tratar sobre o projeto de socorro fiscal aos estados e municípios. Além de João Doria (PSDB/São Paulo), que pediu paz, Reinaldo Azambuja (PSDB/Mato Grosso do Sul) também destacou a importância do encontro.

"Hoje é um dia histórico, um dia em que sentamos numa mesa e discutimos assuntos importantes. Entendemos esse momento, acima de tudo, para construir pontes e atravessarmos esse momento. Entendemos presidente e queremos agradecer muito essa construção coletiva do Paulo Guedes (ministro da Economia), do Alcolumbre, o Rodrigo Maia, chegaram em um texto aprovado e que foi remetido ao presidente. Todos os estados pedem esse projeto de lei. Isso atingiu a dona de casa, o trabalhador, os empresários e os estados. Temos que ter essa união. Essa construção coletiva foi muito importante", disse.

Na mesma linha, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, destacou a busca para um consenso sobre o tema entre diferentes poderes e entes federativos. "O Brasil é uma federação. Os poderes estão atuando e vivos. Por isso se deu o processo de deliberação da matéria", disse.

"Neste momento eu peço: chegou a hora de todos darmos as mãos, levantarmos uma bandeira branca. Estamos vivendo um momento de guerra e todos perdem. São brasileiros de todas as regiões que perdem suas vidas. Temos que ter a consciência que essa crise história é sem precedentes nas nossas vidas. Mas seremos cobrados no futuro por quais atitudes tomamos por estarmos em pontos-chave do Brasil", completou.

Postura de Bolsonaro é elogiada

Após a reunião, Renato Casagrande elogiou a postura de Bolsonaro na videoconferência. Em entrevista à Globo News, disse que a busca pelo entendimento é um sinal positivo em meio a uma pandemia que já matou mais de 18 mil brasileiros.

"Considerei um sinal positivo numa hora que a gente está numa curva ascendente de casos. O presidente fazer uma reunião equilibrada eu considero muito positivo. Se houver essa capacidade do governo de orquestrar essas ações podemos salvar muito mais vidas", disse.

"Com essa reunião ele tem uma demonstração que pode conduzir um trabalho que coloque a vida em primeiro lugar, mas sem esquecer a economia. O presidente já voltou atrás em muitos pontos, espero que ele possa voltar atrás. Não tem nenhum confronto entre salvar a economia e salvar vidas, a gente tem primeiro que salvar as pessoas. Espero que tenha esse objetivo porque vai encontrar apoio de quase todos os governadores", completou.

Socorro aos estados

O projeto de socorro fiscal aos estados e municípios prevê ajuda de R$ 125 bilhões, como contrapartida ao socorro servidores não terão direito a reajuste salarial até 31 de dezembro de 2021. O valor de R$ 125 bi é dividido em duas partes: R$ 60 bi são transferência direta de dinheiro da União e outros R$ 65 bi relativos a suspensão de pagamento de dívidas.

O texto causou polêmica durante sua tramitação, porque permitiu a possibilidade de reajustes para algumas categorias ligadas ao combate ao coronavírus. O projeto está na mesa de Jair Bolsonaro (sem partido) para sanção ou veto desde o dia 06 de maio. O entendimento do Ministério da Economia e dos governadores é de que sejam vetados reajustes salariais liberados no texto que foi aprovado. O conteúdo tem brechas para aumentos para categorias como professores e policiais.

Votação do projeto

Em meio à queda de receita com a queda da atividade econômica e do aumento do gasto contra o coronavírus, estados tentaram barrar reajustes para controlar os gastos públicos.

Em um primeiro momento, o governo foi contra as brechas, mas durante a votação no plenário da Câmara, o líder do governo Vitor Hugo (PSL-GO), anunciou voto do governo pró-ampliação.

Mas após a aprovação, Paulo Guedes (Economia) pediu o veto deste trecho a Bolsonaro.

As categorias que terão direito a aumento de salário são:
da saúde
da limpeza pública
de serviços funerários
da assistência social
integrantes das Forças Armadas
policiais federais
rodoviários federais
policiais civis
policiais militares
bombeiros militares
policiais penais
guardas municipais
servidores das carreiras periciais
agentes socioeducativos
profissionais da educação pública

Ao final da reunião, Bolsonaro disse que vai sancionar o projeto.