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Querem calar conservadores, diz Douglas Garcia sobre operação de fake news

Douglas Garcia, deputado estadual, durante cerimônia de diplomação na Assembleia Legislativa - Ananda Migliano/Ofotográfico/Folhapress
Douglas Garcia, deputado estadual, durante cerimônia de diplomação na Assembleia Legislativa Imagem: Ananda Migliano/Ofotográfico/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

27/05/2020 08h48

A Polícia Federal cumpre 29 mandados de busca e apreensão na manhã de hoje no chamado inquérito das fake news, e um dos alvos é o deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP).

Apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ele se defendeu das acusações com um vídeo no Twitter e afirmou que a operação quer "calar a voz dos conservadores". Luciano Hang e Roberto Jefferson também foram alvos dos mandados.

Garcia negou que haja uma rede de fake news e afirmou que a investigação quer "criminalizar a liberdade alheia".

"Acabo de receber a notícia de que meu gabinete está recebendo a visita da Polícia Federal. E qual foi o crime cometido pelo Douglas Garcia, foi lavagem de dinheiro? Não. Foi enriquecimento ilícito? Não. Foi caixa 2? Não. Foi todos aqueles que todos os petistas estão acostumados a fazer? Absolutamente não. De acordo com o tuíte feito pela própria PF, estamos sendo investigados por ataques, crimes (...) críticas aos ministros do Supremo Tribunal Federal", disse ele, com tom irônico.

"Eu sou deputado, eu vou lá para 'parlar', eu sou parlamentar... Através da minha prerrogativa que a Constituição me dá, eu posso criticar quem eu quiser. Bastava o ministro Alexandre de Moraes abrir o site da Alesp e ele veria que eu faço críticas certeiras ao Supremo. Não só ao Supremo como a muitas outras instituições que deveriam fazer o seu trabalho, e não estão fazendo", alegou o deputado

"Esse tipo de investigação apequena a PF, porque o STF está usando do seu poder para perseguir os conservadores, aqueles que têm liberdade de expressão. É isso que vocês querem fazer, vocês querem calar a voz dos conservadores através das redes sociais, nessa perseguição danada que vocês estão fazendo", criticou ele, antes de encerrar com uma frase usada por Bolsonaro. "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos".

Deputado acusa Moraes de ligação com PSDB

Douglas também deu entrevista à TV Bandnews e ligou o ministro Alexandre de Moraes a políticos tucanos. O deputado falou em "aparelhamento" do STF e pediu o mesmo tratamento da corte a críticas de parlamentares do PSDB.

"A minha crítica é que o STF está usando seu poder para perseguir seus desafetos políticos. O Alexandre é muito ligado aos tucanos de São Paulo e usou-se a desculpa de ameaça ao Supremo para estabelecer esse inquérito inconstitucional. Por que o ministro não vai investigar membros do PSDB que fazem críticas?", questionou Douglas.

O deputado negou que tenha feito ameaças às instituições como pregar o fechamento do Congresso e disse que o STF deveria ser investigado pelo Senado por dar prosseguimento ao inquérito das fake news.

"Não há ameaças. Quais foram as ameaças? Não existem ameaças", afirmou. "Ameaça para mim é o que o Supremo está fazendo com a criminalização da liberdade de expressão. Quem deve ser investigado na verdade é o STF pelo Senado da República por ameaçar a liberdade de expressão alheia."

Entenda o caso

Entre os alvos da operação deflagrada hoje estão também ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e a ativista Sara Winter.

As ordens judiciais estão sendo cumpridas no Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina.

O inquérito das fake news no Supremo foi aberto em março do ano passado para apurar "a existência de notícias fraudulentas (fake news), denunciações caluniosas, ameaças e infrações revestidas de animus caluniandi, difamandi ou injuriandi, que atingem a honorabilidade e a segurança do Supremo Tribunal Federal, de seus membros e familiares".

A assessoria do PTB confirmou que agentes federais estiveram na casa de Jefferson e que já deixaram o local.

Nas redes sociais, Winter disse que a PF esteve em sua casa às 6h de hoje. "Levaram meu celular e notebook. Estou praticamente incomunicável". Ela ofendeu o ministro do Supremo e disse: "você não vai me calar".