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PGR pede informações ao MPRJ sobre supostos pagamentos da JBS a Wassef

Ex-advogado de Flávio Bolsonaro teria recebido R$ 9 milhões da JBS entre 2015 e 2020, diz revista - Mateus Bonomi/Agif/Estadão Conteúdo
Ex-advogado de Flávio Bolsonaro teria recebido R$ 9 milhões da JBS entre 2015 e 2020, diz revista Imagem: Mateus Bonomi/Agif/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

20/08/2020 16h51Atualizada em 20/08/2020 20h07

A PGR (Procuradoria-Geral da República) vai pedir informações ao MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) sobre supostos pagamentos feitos pela JBS ao advogado Frederick Wassef entre 2015 e 2020. Os R$ 9 milhões em transações, reveladas ontem pela revista Crusoé, foram identificados pelo MP por meio de um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

O objetivo da PGR é descobrir se esses repasses tiveram alguma influência no acordo de colaboração premiada firmado pelo órgão com os donos da JBS, os irmãos Joesley e Wesley Batista. Se forem verificadas irregularidades, esses pagamentos poderão reforçar os indícios de omissão nos acordos de delação.

Os registros dos pagamentos vieram à tona durante investigação do MPRJ sobre a relação de Wassef, ex-advogado de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), e o ex-assessor do senador, Fabrício Queiroz — que, em junho, foi encontrado na casa do advogado em Atibaia (SP) e agora cumpre prisão domiciliar.

Questionada pela Crusoé, a JBS não respondeu a que se referem esses repasses. Ao UOL, a empresa afirmou que o escritório de advocacia de Wassef não representa, nem se manifesta em seu nome junto à PGR.

"Os serviços prestados pelo escritório tiveram como finalidade atuação em inquéritos na esfera policial, e esses serviços foram prestados e pagos mediante emissão de notas fiscais, sendo a última referente ao ano de 2019. Os valores e detalhes do contrato são protegidos por sigilo legal", disse a JBS em nota.

Também procurado pela revista, Wassef não se manifestou.

As delações foram firmadas em 2017, quando Rodrigo Janot ainda estava à frente da PGR. O atual procurador-geral da República, Augusto Aras, já se manifestou favoravelmente à rescisão dos acordos — e, neste momento, é contra uma eventual renegociação com os irmãos Batista.

Aras diz não ter participado de nenhuma das conversas que trataram de uma repactuação do acordo da JBS com envolvimento de Wassef. Todas as solicitações de audiência que chegam ao gabinete do PGR são direcionadas para os procuradores que atuam na matéria: José Adonis Callou de Araújo Sá, José Bonifácio Borges de Andrada e, mais recentemente, Lindôra Maria Araújo.