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Polícia cumpre mandados contra 'Guardiões do Crivella' no Rio

Prefeitura do Rio tinha servidores organizados para impedir reclamações contra a Saúde - Saulo Angelo/Futura Press/Estadão Conteúdo
Prefeitura do Rio tinha servidores organizados para impedir reclamações contra a Saúde Imagem: Saulo Angelo/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo e no Rio

01/09/2020 13h18Atualizada em 01/09/2020 15h18

A Polícia Civil cumpriu hoje mandados de busca e apreensão contra servidores da Prefeitura do Rio de Janeiro suspeitos de integrar suposto esquema de cerceamento ao trabalho da imprensa. O esquema denunciado pela TV Globo era organizado por meio de um grupo no WhatsApp com o nome de "Guardiões do Crivella".

As principais atividades do grupo consistiam em atrapalhar o trabalho da imprensa e impedir reclamações contra o sistema de saúde na porta de hospitais municipais. Servidores públicos davam plantão na porta de unidades de saúde e faziam intervenções em entrevistas feitas com pacientes, com frequência elogiando o trabalho de Crivella na prefeitura.

As ações da Polícia Civil foram chamadas de Operação Freedom e cumprem oito mandados.

Segundo o delegado Willian Monteiro Pena Júnior, responsável pela operação da Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas), os mandados de busca e apreensão têm como objetivo apurar o "esquema criminoso" formado por servidores da prefeitura.

Segundo a polícia, os "crimes foram cometidos por servidores públicos contra jornalistas no exercício da função". Os mandados foram expedidos pelo juízo do plantão noturno do Tribunal de Justiça do Rio a pedido de delegados da Draco.

"Foram feitos os cumprimentos de mandados de busca e apreensão domiciliar, e essas pessoas encontradas nas residências foram conduzidas aqui para a Draco. Elas querendo vão prestar depoimento, já que é um direito constitucional delas", explicou Júnior em entrevista à GloboNews.

"A gente precisa saber deles, já que a matéria é bem clara no sentido que eles participaram desse esquema criminoso, então a gente precisa saber a fundo quem idealizou, quem participou de toda essa estrutura criminosa que foi montada", acrescentou o delegado.

Segundo a GloboNews, um dos alvos dos mandados é Marcos Paulo de Oliveira Luciano, conhecido como ML. Ele é assessor especial do gabinete do prefeito e dava ordens para outros servidores no grupo de WhatsApp.

A Polícia Civil identifica três crimes na ação do grupo. Os integrantes podem responder por associação criminosa, atentado contra a segurança de serviço de utilidade pública e advocacia administrativa, que é quando um servidor público usa a administração pública para o interesse privado.

Crivella investigado e pedido de impeachment

O prefeito do Rio será investigado pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) pelo suposto esquema. O órgão viu indícios de crimes e Crivella será avaliado por associação criminosa e prática de conduta criminosa, esta última com relação às suas responsabilidades como prefeito.

Além disso, o PSOL, por meio do vereador Tarcísio Motta, também protocolou um processo de impeachment contra Crivella hoje na Câmara, e a vereadora Teresa Bergher (Cidadania) promete apresentar um pedido na Casa municipal para instaurar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre o caso.