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Pré-candidata no RJ, Cristiane Brasil já teve posse barrada; veja polêmicas

Cristiane Brasil, pré-candidata à prefeitura do Rio pelo PTB - Reprodução/Twitter
Cristiane Brasil, pré-candidata à prefeitura do Rio pelo PTB Imagem: Reprodução/Twitter

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo*

11/09/2020 14h25

Pré-candidata à Prefeitura do Rio de Janeiro, a ex-deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ), que teve a prisão preventiva decretada em operação que apura desvios de até R$ 30 milhões no governo do RJ e na prefeitura da capital, coleciona polêmicas em sua trajetória política. Até as 14h, Cristiane, que alegou "perseguição política", não havia se apresentado à polícia.

Nomeada ministra do Trabalho em 2018 pelo ex-presidente Michel Temer (MDB), Cristiane teve a posse suspensa na Justiça. A decisão aconteceu após vir à tona o fato de que a ex-deputada foi condenada pela Justiça a pagar uma dívida trabalhista.

Filha do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), que se aproximou de Jair Bolsonaro (sem partido), Cristiane estava em negociação com o PSL, antigo partido do presidente, para formar uma aliança na disputa pela Prefeitura do Rio.

Nesse acordo, o PSL teria uma chapa própria na corrida eleitoral, encabeçada pelo deputado federal Luiz Lima (PSL-RJ) e com Cristiane como vice. A operação de hoje, contudo, deve dar nova composição à chapa.

Além de ter sido condenada pela Justiça do Trabalho, Cristiane já foi citada em uma delação da Odebrecht, mas o STF (Supremo Tribunal Federal) não abriu inquérito para investigar as acusações. Ela também foi acusada de coagir servidores a votarem no seu nome para o cargo de deputada federal, sob a ameaça de demiti-los. Saiba mais a seguir:

Ações trabalhistas

Nomeada ministra do Trabalho pelo ex-presidente Michel Temer, em 2018, Cristiane Brasil não chegou a assumir o cargo. Isso porque sua posse foi suspensa duas vezes na Justiça após vir à tona o fato de que a ex-deputada foi condenada pela Justiça trabalhista.

Ambos os processos foram movidos por ex-motoristas da deputada que disseram ter trabalhado para ela sem ter carteira assinada. Em uma das ações, que teve a decisão confirmada em segunda instância, Cristiane foi condenada a pagar uma indenização de R$ 60 mil.

Na outra, a ex-deputada firmou um acordo para pagar uma dívida de R$ 14 mil, evitando assim uma possível sentença contrária a ela.

Em lancha, Cristiane Brasil questiona "direito" a ação trabalhista - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Em lancha, Cristiane Brasil questiona "direito" a ação trabalhista
Imagem: Reprodução/Facebook

Vídeo em lancha

Em 2018, em meio aos imbróglios envolvendo sua nomeação para o ministério do Trabalho, Cristiane apareceu em um vídeo, gravado em uma lancha, para se defender dos processos trabalhistas. Nele, a ex-deputada diz que "tinha nada para dever" aos motoristas que a processaram na Justiça trabalhista.

Ao lado de homens sem camisa que se identificaram como empresários, Cristiane questiona: "O que pode passar na cabeça das pessoas que entram contra a gente em ações trabalhistas?".

O vídeo viralizou e causou constrangimento no Planalto e dentro do PTB. Até mesmo o pai da ex-deputada, Roberto Jefferson, fez críticas às imagens.

"Sobre o vídeo, a repercussão fala por si. Também teve muita deturpação. Eram famílias no barco, havia crianças passando. Dito isso, penso que uma figura pública deve se portar como uma figura pública, e usar ferramentas como Facebook e Instagram apenas em caráter institucional", escreveu na ocasião o ex-deputado nas redes sociais.

Citada em delação da Odebrecht

A ex-deputada também foi citada na delação premiada da Odebrecht, que veio a público em abril de 2017. Um dos delatores da empreiteira, o executivo Leandro Andrade, afirmou que Cristiane recebeu R$ 200 mil em caixa dois em 2012, quando ela fazia campanha para o cargo de vereadora.

Segundo o delator, a quantia foi entregue pessoalmente por ele a Cristiane. O repasse, ainda de acordo com o executivo, havia sido um pedido do deputado Pedro Paulo (MDB-RJ), que à época era coordenador da campanha do então prefeito do Rio, Eduardo Paes —que disputaria a reeleição.

Cristiane sempre negou ter recebido os valores e nega ter se encontrado com o delator. O STF não abriu inquérito para investigar as acusações contra ela.

Coação a servidores

Um áudio revelado pela TV Globo em 2018 mostrou que, durante a campanha em que foi eleita deputada federal, em 2014, Cristiane coagiu funcionários de uma secretaria da prefeitura do Rio —da qual ela era titular— a votarem em seu nome e a conseguirem outros votos para ela sob ameaça de demiti-los.

"Se eu perder a eleição de deputada federal... Eu preciso de 70 mil votos. Eu fiz quase 30 [mil votos, em 2012, quando foi eleita vereadora no Rio]. Agora são 70 mil. No dia seguinte, eu perco a secretaria [se não for eleita deputada]. No outro dia, vocês perdem o emprego", diz a ex-deputada no áudio.

Em outro momento da reunião, ela diz: "Eu só tenho um jeito de manter o emprego de vocês: me elegendo". À época, Cristiane afirmou que nunca pediu votos a servidores públicos durante o expediente ou dentro da repartição.

*Colaborou Maria Luisa de Melo, do Rio