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Sakamoto: 'Ernesto foi apenas uma sombra do que ele foi nos últimos meses'

Do UOL, em São Paulo*

18/05/2021 18h18Atualizada em 18/05/2021 20h40

O colunista do UOL Leonardo Sakamoto disse hoje durante o UOL News que o depoimento do ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo à CPI da Covid, que ocorre no Senado Federal, foi diferente de como o ex-chanceler se mostra, de modo incisivo, nas redes sociais.

"Ernesto Araújo apresentou, foi no dia de hoje, apenas uma sombra do que ele foi nos últimos meses", disse o colunista do UOL.

De acordo com Sakamoto, o depoimento do ex-chanceler também foi uma tentativa de tirar qualquer responsabilidade de sua gestão à frente do ministério. "O depoimento do Ernesto foi tentar se desvencilhar de toda e qualquer responsabilidade por conta disso, apesar de ter sido um dos responsáveis por ajudar retroceder a politica internacional brasileira."

Alexandre Pires, professor de Relações Internacionais do Ibmec, explicou que a relação entre Brasil e China não foi completamente abalada em razão das declarações contra o país asiático.

"Do ponto de vista concreto, as declarações dessas figuras diplomáticas não afetam a grande estratégia chinesa de inserção. A China não esta olhando o governo brasileiro atual. A China tem um olhar de décadas para a frente, então, ela não vai colocar uma postura de retaliação ao povo brasileiro. Existe uma estratégia diplomática da China em que essas declarações acabam sendo diminuídas e ficam restritas a esse debate entre chanceleres", explicou o professor.

No depoimento à CPI da Covid na manhã de hoje, Ernesto Araújo disse considerar que jamais promoveu atrito entre o Brasil e a China no período em que esteve à frente do Itamaraty. O ex-chanceler negou que o termo "comunavírus", cunhado por ele em artigo publicado logo no começo da pandemia, fosse uma referência ao país asiático, maior parceiro comercial do Brasil.

Pazuello na CPI

Sakamoto disse o ex-ministro Eduardo Pazuello, que vai depor amanhã na CPI da Covid, deverá ficar em silêncio ao ser pressionado sobre o trabalho que teve durante sua gestão no Ministério da Saúde.

Para Sakamoto, se o general falar algo que vá contra os ideais do presidente, pode "sobrar para ele" por revelar tais detalhes.

"Pazuello fez um papel de fantoche do Presidente da República porque na prática ele aplicou os desejos do presidente e em um único momento que ele chegou a anunciar que estava procedendo com a compra de doses de CoronaVac. Ele foi desautorizado em público pelo Bolsonaro e protagonizou uma das cenas mais humilhantes da política brasileira recente. Ele acabou sendo uma correia de transmissão de Bolsonaro, sendo um executor das ações e omissões de Bolsonaro."

*Com informações de Rayanne Albuquerque, Lucas Valença e Hanrrikson de Andrade, do UOL, em São Paulo e em Brasília