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Bolsonaro brincou com a sorte no Maranhão, diz presidente da CPI

O senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da Covid, durante depoimento de Ernesto Araújo, no dia 18 - Jefferson Rudy/Agência Senado
O senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da Covid, durante depoimento de Ernesto Araújo, no dia 18 Imagem: Jefferson Rudy/Agência Senado

Colaboração para o UOL

22/05/2021 11h00

O presidente da CPI da Covid, o senador Omar Aziz (PSD-AM), criticou a aglomeração causada ontem pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no Maranhão, justamente onde foi encontrada uma nova cepa do coronavírus, aquela que tem causado recordes de mortes na Índia.

"O presidente esteve ontem no Maranhão e se viu lá todo mundo sem máscara, brincando com a sorte e levando as pessoas a acreditar que nós estamos em uma normalidade que, infelizmente, não estamos", afirmou Aziz em entrevista à CNN, na manhã deste sábado (22).

O presidente da CPI defendeu o pedido de relatório parcial que fez ao relator da CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), pois, segundo ele, já é possível ter algumas conclusões. "Não houve por parte do governo um empenho para o isolamento e para que as pessoas se protegessem. O que está claro hoje é que apostaram na cloroquina, na imunização de rebanho e em momento algum se quis comprar vacina", afirmou. "Não estou condenando ninguém, mas apurando fatos para que deixemos claro que a CPI não vai dar em pizza. Muita gente será responsabilizada pelo que aconteceu no Brasil".

Segundo ele, é necessário que a CPI faça um apelo ao presidente para que ele assuma a negociação das vacinas. "Bolsonaro, pegue o avião e vai lá onde tem vacina, é isso que nós estamos pedindo. O nosso líder da nação precisa negociar com outros líderes mundiais para trazer vacina ao Brasil, sem terceirizar a tarefa".

MA multa Bolsonaro por causar aglomeração

O governador Flávio Dino (PC do B) autuou Jair Bolsonaro (sem partido) por infração sanitária, nesta sexta (21), por descumprir decretos estaduais que obrigam cidadãos a usarem máscaras em espaços públicos, não promoverem aglomerações e não realizarem eventos - medidas sanitárias contra a covid-19. O presidente da República cometeu a infração em Açailândia, município a 560 quilômetros da capital São Luís.

De acordo com a assessoria do governo do Maranhão, o valor pode variar entre R$ 2 mil e R$ 1,5 milhão. Ele tem 15 dias para apresentar sua defesa e, a partir daí, a Vigilância Sanitária, responsável pela autuação, definirá o valor.

Bolsonaro realizou ato para a entrega de 282 títulos de propriedade rural a assentados em Açailândia, promovendo aglomeração de fãs e curiosos nas ruas e na sede do Sindicato dos Produtores Rurais. Em diversos momentos, ele cumprimentou a multidão sem usar máscara.

Isso ocorre no momento em que a nova cepa indiana do coronavírus (B.1.617.2), com maior potencial de contágio, chegou ao Brasil através de um navio cargueiro vindo da África do Sul que está fundeado exatamente na costa do Maranhão. Os profissionais de saúde que tiveram contato com a tripulação estão sob observação.

De acordo com o auto de infração, as seguintes irregularidades foram constatadas: "Descumprimento da obrigação de uso de máscara de proteção como medida farmacológica destinada a contribuir para a contenção e prevenção da covid-19, em locais de uso coletivo, ainda que privados; promover, em evento da Presidência da República, aglomerações sem controle sanitário com mais de 100 pessoas, no endereço Rodovia BR-222, s/n, km 5, Sindicato dos Produtores Rurais, Bairro Parque das Nações, município Açailândia".

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.