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Direção da PF pede denúncias de fraudes em urnas a superintendências

Polícia Federal -  Tânia Rêgo/Agência Brasil
Polícia Federal
Imagem: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Do UOL, em São Paulo

18/06/2021 19h37

A direção da Polícia Federal pediu às 27 superintendências regionais da PF no Brasil para que forneçam todas as denúncias relacionadas a supostas fraudes ocorridas em urnas eletrônicas. A informação foi publicada inicialmente pelo jornal O Globo, e confirmada pelo UOL.

A PF quer que todas as denúncias recebidas desde a implantação do equipamento, em 1996, sejam encaminhadas à Dicor (Diretoria de Combate ao Crime Organizado).

Segundo a fonte ouvida pelo UOL, na condição de anonimato, o pedido ocorreu há alguns dias e, portanto, antes do desafio lançado pelo presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Luís Roberto Barroso, que pediu para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), apresentar provas sobre fraudes nas urnas.

Bolsonaro, políticos aliados e apoiadores têm lançado o discurso de desconfiança sobre a segurança das urnas eletrônicas. Eles defendem a adoção do voto impresso — um comprovante impresso da votação na urna eletrônica — e afirmam que, sem a mudança, a eleição de 2022 não será confiável.

Reportagem publicada este mês pelo UOL mostrou, no entanto, que não há nenhum indício de fraude nas eleições brasileiras desde que urnas eletrônicas foram adotadas. Uma auditoria feita pelo próprio PSDB não encontrou fraudes em 2014, quando Dilma Rousseff (PT) venceu Aécio no segundo turno.

Internamente, o pedido da direção da PF às superintendências foi interpretado para defender a narrativa lançada pelo presidente e aliados.

Barroso desafia Bolsonaro

O presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, afirmou em maio que a narrativa trata-se, na verdade, de "um discurso político". A declaração foi dada na sede da corte, em Brasília, no lançamento de uma campanha que defende a integridade dos equipamentos e do processo eleitoral.

"Eu entendo e respeito quem defenda o voto impresso. Agora, para dizer que tem fraude é preciso botar as armas na mesa e dizer quais são as provas. Senão, é retórica puramente política e nem me cabe comentar", declarou Barroso. O ministro preferiu não atacar diretamente o presidente Jair Bolsonaro.

Ontem, Barroso voltou a declarar que o voto impresso irá criar um risco que não existe ao sistema eleitoral brasileiro e que, diante das acusações sobre supostas fraudes eleitorais, Bolsonaro tem "dever cívico" de apresentar provas.

"Nunca houve fraude documentada. Jamais. Apenas o pedido de auditoria solicitado pelo então candidato Aécio Neves e que não se apurou impropriedade porque não há. Se o presidente da República ou qualquer pessoa tiver provas [sobre fraude] tem o dever cívico de entregá-la ao Tribunal e estou com as portas abertas. O resto é retórica política, são palavras que o vento leva", afirmou Luís Roberto Barroso.