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Carlos Wizard terá passaporte retido por decisão da Justiça Federal em SP

Rayanne Albuquerque

Do UOL, em São Paulo

18/06/2021 19h02Atualizada em 18/06/2021 20h09

A Justiça Federal em São Paulo determinou hoje a apreensão do passaporte do bolsonarista Carlos Wizard, suspeito de integrar um gabinete paralelo de aconselhamento sobre as ações de enfrentamento da pandemia. A ordem para reter o documento ocorre após o empresário não prestar esclarecimentos sobre a sua ausência do seu depoimento como testemunha à CPI da Covid.

No STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro Luís Roberto Barroso manteve a decisão de reter o passaporte de Wizard, ao negar duas petições da defesa do empresário.

Na decisão, a juíza da 1ª Vara Federal de Campinas, Marcia Souza e Silva de Oliveira, determinou que a Polícia Federal retenha o passaporte de Wizard assim que ele retornar dos Estados Unidos ao Brasil.

Aos membros da CPI, o empresário alegou que estaria acompanhando um tratamento de saúde de um parente, mas não entrou em mais detalhes sobre o caso.

Após as informações da Delegacia de Policia Federal em Campinas, verificou-se que o Senhor Carlos Wizard encontra-se fora do Brasil. Assim, em acatamento à segunda parte da ordem, determino à Polícia Federal que cumpra o último parágrafo do ofício 1560/2021 CPI da Pandemia, ou seja, proceda a retenção do passaporte de Carlos Roberto Wizard
Trecho da decisão

A magistrada determinou inicialmente que a Polícia Federal adotasse providências cabíveis para que Wizard fosse conduzido coercitivamente para depor no Senado, a pedido do presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM). No entanto, a polícia relatou à juíza que não encontrou o empresário nos endereços fornecidos pela colegiado da Comissão Parlamentar de Inquérito.

A informação que a PF tem sobre Wizard é que ele saiu do Brasil em 30 de março pelo Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, com destino à Cidade do México.

Desde então, ele não retornou ao Brasil, apesar de saber, há semanas, que precisaria depor diante do colegiado para esclarecer se recomendou ou não que o governo federal apostasse no "tratamento precoce" para pacientes diagnosticados com covid-19.

Depoimento na CPI da Covid

O depoimento na condição de testemunha de Carlos Wizard estava previsto para ocorrer ontem, na CPI da Covid. O STF (Supremo Tribunal Federal) havia emitido um habeas corpus para que o empresário pudesse permanecer em silêncio durante o depoimento. Ainda assim, ele não compareceu.

O bilionário foi alvo de quebra de sigilos bancários, telemáticos e telefônicos pela Comissão Parlamentar de Inquérito. Os parlamentares também cogitam quebrar o sigilo das empresas de Carlos.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.