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Bolsonaro ataca Moraes e STF e fala em 'retaliação' contra Flávio e Carlos

Do UOL, em São Paulo

01/07/2021 20h43Atualizada em 01/07/2021 22h21

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou hoje o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), por decidir abrir uma investigação sobre a possível existência de uma organização criminosa que divulga fake news para atacar a democracia. Segundo ele, que também acusou o STF de tentar interferir no Poder Legislativo, o inquérito seria uma "retaliação" contra seus filhos, o senador Flávio (Patriota-RJ) e o vereador Carlos (Republicanos-RJ).

"Me chamam de misógino, racista, fascista, homofóbico, genocida... Tudo bem. Chamam o [pastor] Silas Malafaia de tudo, até mais do que falei aqui, chamam os parlamentares de tudo, não tem problema nenhum. [Mas] Quando alguém faz uma crítica ao STF, cai o mundo. Nós queremos democracia!", disse o presidente durante sua live semanal.

Como retaliação, com toda certeza, o senhor Alexandre de Moraes manda investigar 'organização criminosa', dois deputados, o Flávio, meu filho, senador, e o Carlos também. (...) Isso me lembra os países comunistas. Você vai buscar o cara em casa, leva a esposa dele embora, leva o filho, e aqui é a mesma coisa. Qual o próximo passo agora? Qual ação contra os meus filhos vão querer fazer?
Jair Bolsonaro, em live de 01/07

Bolsonaro também comentou sobre — e criticou — a reunião de ontem entre líderes partidários e os ministros Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Dias Toffoli em apoio ao voto eletrônico, segundo noticiado pela Folha de S.Paulo. O presidente, que defende a adoção de um "voto auditável", com impressão de comprovante de votação, avaliou o encontro como uma tentativa de interferência do Judiciário no Legislativo.

"O STF me acusou de interferir na Polícia Federal, não tem prova de nada, zero. Agora eles estão interferindo no Parlamento", acusou. "Parece até que esses ministros estão negociando alguma coisa com o Legislativo. Olha, a gente não quer isso aqui. Parece que é isso aí, e isso é horrível para a democracia. Nós não podemos aceitar isso aqui, essa interferência deslavada no Legislativo."

"Drible" na PGR

Criticada por Bolsonaro, a decisão de Moraes "dribla" um pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República), que queria o encerramento do inquérito sobre o financiamento de atos antidemocráticos, do qual o ministro é relator. A solicitação foi acatada, mas Moraes também abriu uma nova investigação para dar seguimento ao processo, ainda que de maneira um pouco diferente.

Segundo o magistrado, as investigações feitas pela Polícia Federal trazem "fortes indícios e significativas provas apontando a existência de uma verdadeira organização criminosa, de forte atuação digital e com núcleos de produção, publicação, financiamento e político absolutamente semelhante àqueles identificados com a nítida finalidade de atentar contra a democracia e o Estado de Direito".

Agora encerrado, o inquérito dos atos antidemocráticos foi aberto em abril do ano passado para investigar a realização e o financiamento de manifestações para atacar instituições como o STF e o Congresso Nacional, o que contraria a Constituição. Os protestos reivindicavam, entre outras pautas, a reedição do AI-5 (Ato Institucional nº 5), que, em 1968, endureceu a ditadura militar no país.

Bolsonaro chegou a participar de um ato a favor de uma "intervenção militar" em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, mas não foi alvo do inquérito. O caso foi remetido ao STF porque os atos teriam contado com a participação de deputados federais, que detêm foro privilegiado na Corte.

(Com Agência Brasil e Reuters)