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Mais da metade dos profissionais do Mais Médicos falta no 1º dia no Rio

Carolina Farias

Do UOL, no Rio

02/09/2013 21h55

No primeiro dia do programa Mais Médicos, do governo federal, mais da metade dos profissionais que deveriam se apresentar na cidade do Rio de Janeiro faltaram. Na capital, dos 16 que deveriam começar a trabalhar nesta segunda-feira (2), seis se apresentaram (37% do total).  O mesmo ocorreu em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, onde também somente seis dos 15 (40%) começaram nesta segunda, primeiro dia do programa.

  • Arte UOL

    Saiba qual a proporção de médicos em cada Estado e o panorama em outros países

De acordo com o Ministério da Saúde, ao todo, 1.096 profissionais ocuparam suas vagas em unidades básicas de saúde em 454 municípios brasileiros e 16 distritos de saúde indígena.

Os gestores do programa, que são as prefeituras, têm até dia 12 deste mês para confirmar o início do trabalho dos médicos. Aqueles que se ausentaram terão de justificar ao gestor, que avaliará o motivo da falta para descontar ou não da bolsa de R$ 10 mil que os profissionais vão receber. Quem não estiver trabalhando até o dia 12 será desligado do programa.

Os gestores vão decidir como os profissionais que faltaram vão repor o dia ausente.

Na cidade do Rio, a maioria dos profissionais do Mais Médicos é do próprio Estado. Os seis primeiros médicos que começaram nesta segunda vão trabalhar em unidades de saúde em áreas carentes do município: duas delas em Realengo, uma na Fazenda Botafogo, uma em Guadalupe e outra em Bangu.

De acordo com a Prefeitura do Rio, há dificuldade de lotação de profissionais nessas áreas. Não houve demissão de profissionais das unidades que vão receber o programa, uma das condições do Ministério da Saúde para os municípios.

"É com grande satisfação que dou boas vindas aos novos médicos do programa. Espero com grande expectativa que eles possam colaborar com a nossa equipe para garantir a saúde da população de maneira eficiente e, acima de tudo, humana", disse o secretário municipal de Saúde do Rio, Hans Dohmann. "Contamos com mais de 90% das equipes completas e o novo programa será fundamental para nos ajudar a alcançar nossas metas".

Dois profissionais brasileiros que se apresentaram nesta segunda-feira (2) foram afastados do programa Mais Médicos antes mesmo de iniciarem a atuar. As dispensas ocorreram em duas cidades de Alagoas. Os casos ocorreram nos municípios de Branquinha (a 65 km de Maceió) e Penedo (a 160 km da capital) e serão notificados ao Ministério da Saúde.

Segundo o Conselho dos Secretários Municipais de Saúde de Alagoas, os dois profissionais se apresentaram, mas afirmaram que apenas iriam cumprir 40% da carga horária prevista no programa de 40 horas semanais.

No Recife, também mais da metade dos 12 profissionais selecionados para trabalhar na cidade pelo programa Mais Médicos: duas desistiram, quatro não se apresentaram e uma quer ser transferida para Alagoas.

Baixada

Em Duque de Caxias, a gestora do programa, Márcia Caputo, informou que o objetivo é incluir os novos médicos no ESF (Programa de Estratégia de Saúde da Família) para alavancar a cobertura  e chegar até 70% até o final de 2016. A prefeitura estima que até o final desta semana todos os médicos do programa se apresentem para trabalhar.

Segundo um levantamento  da  secretaria, a maioria dos médicos do programa já mora na cidade ou em locais próximos, como é o caso de Wendel José Itigy de Paiva, por exemplo, que é do interior de São Paulo, mas, após concluir sua graduação em Duque de Caxias optou por continuar trabalhando na cidade. Para ele, o programa pode dar certo, mas depende de investimentos nas áreas médicas e de infraestrutura.

Onde falta médico, faltam dentistas e enfermeiros, mostra pesquisa

A concentração de médicos nos grandes centros acompanha a de outros profissionais de saúde, como dentistas e enfermeiros, e a de unidades de saúde. Onde falta um, faltam os outros.

É o que o mostra um recorte da pesquisa Demografia Médica no Brasil, que se baseou em dados da AMS (Assistência Médico-Sanitária) do IBGE, que conta os postos de trabalho ocupados por profissionais de saúde

 

“A visão das pessoas mais carentes é a de que médico é sinônimo da saúde. Mas empregar  o profissional apenas não resolve o problema da saúde. É preciso estruturar a saúde na base”, concluiu.

Pelo programa Mais Médicos os profissionais atuarão, por três anos, nas unidades básicas de saúde em municípios do interior e nas periferias de grandes cidades. É responsabilidade do município o custeio da moradia e da alimentação dos médicos do programa ao longo dos três anos de atuação.