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Apesar de caos na saúde, prefeito de Manaus descarta confinamento

Eduardo Militão

Do UOL, em Brasília

03/05/2020 13h26

Apesar de considerar a crise de saúde de Manaus (AM) "calamitosa", o prefeito da capital amazonense, Arthur Virgílio Neto (PSDB), afirmou que não pensa em fazer isolamento completo da cidade. O chamado confinamento, isolamento horizontal ou lockdown foi adotado em São Luís (MA), onde os casos de coronavírus dobram a cada três dias e meio.

"Em lockdown, eu não penso", disse Virgílio em entrevista à Globo News hoje. Segundo ele, o recurso só pode ser usado em último caso, e não caberia à prefeitura da cidade.

Daria um quebra-quebra brutal. É uma determinação que ultrapassaria as minhas prerrogativas, mas eu não aconselharia o lockdown."
Arthur Virgílio Neto, prefeito de Manaus

No confinamento ou isolamento horizontal, por exemplo, as pessoas só podem sair às ruas caso comprovem que se dirigem a serviços estritamente essenciais, como serviços de saúde ou supermercados.

O Amazonas tem 6.000 casos e 502 mortes por covid-19. Só na capital, são 3.658 casos e 268 óbitos, segundo a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz). Em Manaus, o número de pacientes dobra a cada quatro dias. Os enterros são feitos em covas coletivas.

Virgílio disse que a prefeitura fracassou na tentativa de convencer as pessoas a ficarem em casa. O isolamento seria de apenas 40%.

Por isso, o tucano criticou a apresentação de um plano, por parte do governo estadual, para reabrir o comércio da cidade. A depender dos números, essa proposta prevê a possibilidade de afrouxar mais ainda o isolamento a partir de 13 de maio.

"Eu sou contra, porque a simples exibição de um plano de abertura mostra que pessoas que estão na rua vão se sentir fortalecidas para continuar mais e mais nas ruas. As pessoas não entederam ainda que, depois da pandemia, as espera uma brutal recessão econômica."

Bolsonaro precisa brigar contra coronavírus agora, diz prefeito

O prefeito de Manaus ainda afirmou que o fracasso na tentativa de isolar as pessoas foi causado também pelos discursos do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), que é contra o distanciamento social.

"Nós falamos e o povo preferiu acreditar no discurso do presidente", reclamou. "Fiz uma pergunta ao tribunal de contas: 'Nós vamos abrir o quê, se nós não fechamos a economia?"

Virgílio disse que Jair Bolsonaro já brigou com vários inimigos, como o Supremo Tribunal Federal, o Congresso e ministros. Virgílio disse que falta ao presidente brigar contra o coronavírus. "Cada dia ele encontra um inimigo diferente. Ele só não brigou ainda e queria fazer esse apelo a ele. Poxa... o senhor já brigou com todos."

Brigue agora ao nosso lado na luta contra o coronavírus, ficando o senhor em casa e recomendando que todos nós fiquemos em casa durante esse período que nos separa do pico, acredito que mais 15 dias"
Arthur Virgílio Neto