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Coronavírus: Casos de covid-19 dobram nas capitais a cada 5 dias e meio

Maioria dos leitos de UTI para tratamento da Covid-19 em São Luís estão ocupados - A. Bâeta/Prefeitura de São Luís
Maioria dos leitos de UTI para tratamento da Covid-19 em São Luís estão ocupados Imagem: A. Bâeta/Prefeitura de São Luís

Aiuri Rebello

Do UOL, em São Paulo

01/05/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Em São Luís, o número de casos dobra a cada 3 dias e meio
  • Em Belém e Macapá, ambas na região Norte, a cada 4
  • Números indicam que ritmo de contágio é maior nestas capitais
  • Em nenhuma dobro do número de casos leva mais de uma semana

O número de casos confirmados de covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, dobra a cada 5 dias e meio nas capitais de estado, segundo estudo feito pelo Lapmat-Ufopa (Laboratório de Aplicações Matemáticas da Universidade Federal do Oeste do Pará). A base utilizada são os números oficiais da pandemia no país divulgados pelo Ministério da Saúde até terça-feira (28).

A pesquisa feita pelo laboratório de matemática inclui apenas os números oficiais. Como há grande subnotificação de casos e mortes suspeitas ao redor do país, a velocidade de contágio nestas cidades pode ser ainda maior. A lista não coincide com as cidades onde há mais casos registrados, mas mostra onde a taxa do contágio é mais rápida.

Entre as cidades analisadas, São Luís é onde a taxa de propagação do vírus está mais rápida. Na capital do Maranhão, o número de casos confirmados dobra a cada 3,61 dias. Em Belém, o número dobra a cada 4,04 dias e em Macapá, a cada 4,22 dias.

Em Manaus, que na semana passada iniciou o enterro de vítimas da covid-19 em covas coletivas por falta de espaço e tempo, o número oficial de casos dobra a cada 4,32 dias em média. No ranking feito pelos pesquisadores, logo depois aparece o Rio de Janeiro, onde o número de infectados dobra a cada 4,34 dias.

Em comum, essas cinco capitais estão entre as primeiras a apresentar sinais de esgotamento do SUS (Sistema Único de Saúde) para socorrer as vítimas do novo coronavírus.

"O que temos visto nos números é um aumento na velocidade da taxa de contágio em vários locais", afirma Rodrigo Medeiros dos Santos, professor da Ufopa que participa do estudo.

É uma questão matemática, a única variável capaz de diminuir o ritmo de contágio é diminuir o número de pessoas que um infectado pode contaminar. Ou seja, temos que fazer tudo aquilo que sabemos: evitar sair de casa e tomar todo o cuidado nos contatos sociais quando tiver que sair com máscara e álcool em gel e lavando as mãos o tempo todo."

Curitiba, Palmas e Campo Grande são as únicas cidades onde o número de casos confirmados ainda leva, em média, mais de uma semana para dobrar.

TEMPO PARA NÚMERO DE CASOS DE COVID-19 DOBRAR NAS CAPITAIS

  1. São Luís - 3,61 dias
  2. Belém - 4,04 dias
  3. Macapá - 4,22 dias
  4. Manaus - 4,32
  5. Rio de Janeiro - 4,34 dias
  6. Recife - 4,55 dias
  7. São Paulo - 4,57 dias
  8. Fortaleza - 4,67 dias
  9. Belo Horizonte - 4,71 dias
  10. João Pessoa - 4,72 dias
  11. Boa Vista - 5,01 dias
  12. Salvador - 5,20 dias
  13. Porto Velho - 5,39 dias
  14. Natal - 5,43 dias
  15. Maceió - 5,57
  16. Porto Alegre - 5,58 dias
  17. Cuiabá - 5,72 dias
  18. Aracaju - 6,08 dias
  19. Teresina - 6,24 dias
  20. Goiânia - 6,30 dias
  21. Vitória - 6,31 dias
  22. Florianópolis - 6,5 dias
  23. Rio Branco - 6,61 dias
  24. Curitiba - 7,48 dias
  25. Palmas - 7,52 dias
  26. Campo Grande - 7,67 dias

São Luís não tem mais leitos

Praticamente sem leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) disponíveis em São Luís, a Justiça do Maranhão decidiu decretar "lockdown" de dez dias na capital e outras três cidades da região metropolitana na noite de ontem. O "lockdown", expressão em inglês que pode ser traduzida livremente como "fecha tudo", é um bloqueio que impede a livre circulação de pessoas em determinada área, com uso de força policial quando é necessário.

Com a medida, as pessoas só poderão sair de casa para comprar alimentos e medicamentos, em casos de emergência ou quando a atividade desempenhada é considerada essencial.

Até quarta, o estado tinha 3.190 casos confirmados com 184 mortes de covid-19. A região sanitária que inclui a capital maranhense é a segunda em índice de contágio a cada 1 milhão de habitantes, de acordo com o boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde na terça-feira (28): taxa de 1.354,3, contra 1.756,6 da 1ª região de Fortaleza. A de São Paulo, cidade com mais mortes, é de 1.114.

Em Belém, corpos de vítimas suspeitas ou confirmadas do novo coronavírus foram flagrados empilhados dentro de uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), e sistema funerário da cidade também já mostra sinais de sobrecarga.

O Pará tinha até ontem 2.876 casos confirmados de covid-19, com 208 mortes.

Para conter o risco durante os enterros de vítimas da pandemia em Macapá, as funerárias têm realizado um cortejo de carro com os caixões em frente à casa das vítimas, para os familiares despedirem-se em segurança sem ter de ir ao cemitério.

Até ontem, o Amapá tinha 1.080 casos confirmados e 34 mortes.

Maranhão e Amazonas lideram taxa de transmissão

Quando são analisados os números dos estados, Maranhão, Amazonas e Pará lideram a taxa de transmissão da covid-19 no país: os casos levam, em média de dias, 3,15; 3,48 e 3,49 para dobrar, respectivamente.

Em nenhum deles o número de casos chega a levar uma semana para dobrar. A análise sobre os estados feita pelo laboratório inclui o Distrito Federal e foi feita com os números oficiais de casos até o final da semana passada.

A letalidade da doença, que é o número de mortos em relação ao total de contaminados, estava em 9,04% em Manaus, 8,58% em São Paulo e 8,21% no Rio de Janeiro.

No país, o número de casos dobrava a cada 4,7 dias, de acordo com a pesquisa do laboratório.