Coronavírus: 50 mil operários voltam ao trabalho na Zona Franca de Manaus
Resumo da notícia
- Apesar da alta de casos de covid-19 em Manaus, 50 mil trabalhadores voltam às atividades nesta semana
- Manaus vive colapso financeiro e no sistema público de saúde por causa da pandemia
- Governo do Amazonas anunciou plano de retomada do comércio da capital
Cerca de 50 mil trabalhadores da Zona Franca de Manaus voltaram às atividades nas fábricas, nesta semana, apesar da alta de casos de novos coronavírus na cidade. Outros 35 mil retornarão ao polo industrial nos próximos 20 dias.
A capital do Amazonas sofre um colapso funerário e seu sistema público de saúde. Mais de 2.400 corpos foram enterrados nos cemitérios públicos da cidade durante o mês de abril, número quase três vezes maior do que o registrado no mesmo mês em 2019.
Infectologistas brasileiros defendem o isolamento social para conter o avanço do coronavírus. O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio (PSDB), já se colocou favorável a radicalizar a medida e estabelecer o lockdown (bloqueio total).
As informações sobre a retomada do trabalho na Zona Franca foram confirmadas ao UOL pelo Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas, Cieam (Centro das Indústrias do Amazonas) e Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus).
O Amazonas tem a maior taxa de incidência da covid-19 no país. De acordo com o último balanço divulgado pelo Ministério da Saúde, são 4.723 casos confirmados e 476 mortes no estado.
Em paralelo, outra medida para afrouxar as recomendações de isolamento social no estado, que ainda não conseguiu equilibrar o sistema de saúde, foi anunciada na quinta-feira (30) pelo governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC): um plano para retomada gradual das atividades econômicas no comércio de Manaus e região metropolitana.
O anúncio ocorreu um dia depois de Lima declarar que pediu ajuda financeira à ONU (Organização das Nações Unidas) para fortalecer o sistema de saúde.
Medidas de segurança
Quando ainda chefiava o ministério, Luiz Henrique Mandetta apontou a circulação de pessoas na Zona Franca, especialmente de estrangeiros, como um dos fatores que pode ter impulsionado os casos de covid-19 em Manaus.
A ZFM reúne cerca de 600 indústrias que, juntas, geram mais de 500 mil empregos diretos e indiretos
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Valdemir Santana, declarou que os trabalhadores voltaram às atividades com adequação de medidas de segurança.
"Aumentaram o número de rotas para ter menos gente nos ônibus, horários diferentes nos refeitórios, aumentaram turnos para diminuir o número de pessoas aglomeradas e passaram a dar uma série de orientações aos trabalhadores sobre os cuidados preventivos para a doença."
O presidente do Cieam (Centro das Indústrias do Estado do Amazonas), Wilson Périco, declarou que as medidas de proteção para os trabalhadores foram adotadas antes mesmo de as empresas suspenderem as atividades no final de março.
"As medidas com relação à pandemia foram tomadas desde março. E a suspensão, antecipação de férias e banco de horas ocorreram por conta do fechamento do comercio e o que isso traz às empresas: dificuldade de escoar suas produções."
Paralisação gera perdas de impostos
A economia do estado e a arrecadação de impostos do governo do Amazonas dependem da produção das indústrias da ZFM.
A paralisação das atividades fez com que a Sefaz (Secretaria de Estado de Fazenda) fizesse a previsão de que a arrecadação do mês de maio, caso se mantivesse a paralisação da indústria e do comércio, poderia ser de até 40% a menos
"Este mês haverá queda real discreta, conforme já havia mencionado. A queda aguda começa em maio, podendo chegar a 40%. Temos que estimar observando a queda global no ano, questões orçamentárias, financeiras e fluxos de caixa", afirmou o secretário da Sefaz, Alex Del Giglio.
O economista avalia que a volta do comércio e da indústria estimulam a retomada da economia do estado.
A contadora Ana Beatriz Macedo, 41, que trabalha no distrito industrial, diz que se sentiu aliviada quando a empresa a que ela é ligada adiou a retomada para o fim de maio.
"A empresa que eu trabalho foi uma das primeiras a suspender as atividades. Claro que a gente tem medo de perder o emprego, mas as coisas que estão ocorrendo em Manaus, o sofrimento das pessoas deixam a gente com medo de adoecer. E não é só covid. Qualquer doença hoje, do jeito que está, é capaz de você morrer sem atendimento. O pai de uma amiga passou mal, chamou o Samu e não foi atendido. Morreu em casa", contou.
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