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Doria diz que 10 mil litros de insumos da CoronaVac estão travados na China

Quantidade equivale a 18 milhões de doses de vacina; governador teme atraso na imunização da população - Divulgação/Governo do Estado de São Paulo
Quantidade equivale a 18 milhões de doses de vacina; governador teme atraso na imunização da população Imagem: Divulgação/Governo do Estado de São Paulo

Leonardo Martins

Do UOL, em São Paulo

10/05/2021 16h42Atualizada em 10/05/2021 18h53

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse hoje que 10 mil litros de insumos da vacina CoronaVac estão "travados" na China à espera de autorização para envio para o Brasil. Segundo Doria, esses litros representam 18 milhões de doses de vacina contra a covid-19.

Os milhares de litros de IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) estão, diz Doria, parados nos refrigeradores do laboratório Sinovac Biotech, que desenvolve o insumo. O governador acusa o governo federal de estar causando problemas diplomáticos com o país asiático, o que estaria atrasando o envio dos insumos e, assim, retardando ainda mais a vacinação no Brasil.

Doria já fez a mesma reclamação nas coletivas de imprensa que realiza no Palácio dos Bandeirantes. Hoje, ele participou de um evento de vacinação para pessoas com Down no Instituto Jô Clemente, na zona oeste da capital paulista. O pequeno espaço reservado para o momento da vacinação causou uma aglomeração de funcionários, cinegrafistas e jornalistas.

Temos o temor [de atrasar a vacinação]. Faltam insumos. Por quê? Porque o governo da China não autorizou o embarque. Temos 10 mil litros prontos e aguardando a liberação do governo da China. São 18 milhões de doses. É muito necessário para o Brasil. É um problema diplomático, um problema que se dá pelas manifestações sucessivas erráticas e desnecessárias pelo governo federal, do presidente Jair Bolsonaro, seus filhos e seus ministros.
João Doria (PSDB), governador de São Paulo

Desde o começo do mês, os diretores do Instituto Butantan temem que os próximos lotes de insumos da vacina cheguem atrasados ao Brasil e prejudiquem a meta de enviar 30 milhões de doses aos estados em maio. Há o risco de não haver mais entregas de vacinas por tempo indeterminado a partir desta semana.

A pouca oferta de CoronaVac desabastece os postos de saúde e atrasa a aplicação da segunda dose nas pessoas que já receberam a primeira nos pontos onde não houve planejamento para completar o ciclo de imunização. Em São Paulo, os estoques de CoronaVac estão reservados apenas para a segunda aplicação da vacina.

A expectativa é que o governo da China dê uma resposta sobre o prazo de envio dos próximos lotes até quarta-feira (12).

Segundo Doria, houve uma reunião virtual na última sexta-feira (7) entre o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming; o presidente do Butantan, Dimas Covas; o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga; e o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, para tratar da liberação dos insumos.

"Nós já interferimos [na negociação pela liberação dos insumos]. Falamos com o embaixador da China, que tem sido atencioso e correto com o governo de São Paulo", afirmou Doria.

'Guerra química'

Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mais uma vez atacou a China, chegando a falar sobre uma possível "guerra química" e os interesses políticos e econômicos dos chineses com a pandemia.

Tanto a CoronaVac quanto a vacina produzida pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) são feitas a partir de insumos enviados pelos chineses. Doria lembrou esse fato e, de novo, criticou Bolsonaro.

"Os insumos da AstraZeneca também vêm da China e [por causa dos ataques] também não chegam para Fiocruz. Se precisamos dos insumos da China, por que o governo federal fica hostilizando a vacina chinesa?", indagou o governador.